Política

Josias tem dois meses para convencer aliados de Rui que deve ficar na Serin

Publicado em 09/11/2016, às 12h23   Cíntia Kelly e Rodrigo Daniel Silva



Josias no dia em que foi anunciado como titular da Serin no final de 2014
Foi em dezembro de 2014 que o então governador eleito Rui Costa anunciou a imprensa o nome do deputado federal Josias Gomes (PT) para a pasta da Secretaria de Relações Institucionais do governo, que iniciaria em menos de 20 dias. O petista tinha tudo para dar certo no comando da articulação política.
Um dos fundadores do PT, Josias Gomes tem um vasto currículo político. Coordenou campanhas políticas, foi secretário em Rondônia, deputado estadual e federal e comandou o diretório estadual do Partido dos Trabalhadores na Bahia, entre 1999-2004.  Ou seja, não lhe faltava experiência política. 
Agrônomo formado pela Universidade da Paraíba, o pernambucano Josias Gomes chegou à Bahia no final da década de 1980 e logo começou a participar das campanhas políticas do PT. Foi um dos principais fiadores em 2014 da candidatura do então secretário do governo de Jaques Wagner, Rui Costa, para o Palácio de Ondina. 
Como demonstração de gratidão e também como parte da sua articulação para agradar aliados, Rui trouxe para o seu governo o então deputado reeleito Josias Gomes. Na Serin, o titular da pasta não demorou para receber críticas de prefeitos e deputados.  Neste ano, as reprovações ao secretário se intensificaram e se tornam públicas. 
Aliados do governador apontam quatro motivos para a insatisfação com Josias: não resolutividade dos pleitos dos prefeitos, equipe fraca, isolamento do secretário dentro do próprio PT e desempenho medíocre nas eleições deste ano.
Este último ponto foi a gota d’água. Para aliados, Josias Gomes “lavou as mãos” no pleito. “Houve disputa por prefeituras com mais de dois candidatos da base aliada. Isso mostra que faltou articulação e é papel dele trabalhar para manter a base unida”, disse o deputado Alex da Piatã (PSD).
Secretário terá que descascar abacaxis para continuar na Serin em 2017
Quem defende Josias Gomes argumenta que a dificuldade do secretário na pasta é a falta de recursos. Com a queda nos repasses federais e na arrecadação tributária, o articulador de Rui não tem como atender as demandas dos prefeitos e deputados.
O parlamentar Alex da Piatã nega. “No período de crise, quando não se tem o pão, tem que ter a palavra. E ele nem sequer dialoga. A gente tem que ir direto ao governador para falar sobre a nossa situação”, condenou.  Essa crítica sobre a dificuldade de Josias Gomes de conversar com aliados é compartilhada pelo deputado federal João Carlos Bacelar (PR).
“Sou amigo pessoal de Josias, adoro ele, mas sou favorável a que ele seja substituído por Wagner. Josias é pior do que garçom. O garçom pelo menos anota os pedidos”, ironizou Jonga. 
O presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), deputado estadual Marcelo Nilo (PSL), entende que a falha na articulação política é do governador. “Ele [Rui] dedica 95% à gestão e 5% à política. É um excelente gestor, mas deveria dedicar 70% gestão e 30% política. Tá faltando meio de campo, mas quem tem que fazer a política é o próprio governador. Se ele se dedicar à política, em 2018 será uma lavagem”, afirmou, em entrevista à rádio Itapoan FM. 
Um auxiliar do primeiro escalão de Rui Costa já cravou: “Josias não passa deste ano”. Em recentes entrevistas, o governador disse que quer iniciar 2017 com uma nova equipe. Portanto, Josias Gomes tem menos de dois meses para convencer os aliados do gestor estadual que pode mudar sua articulação política e continuar no comando da Serin. 

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