Política

Cabral recebia mesada, e grupo chamava propina de 'oxigênio', diz MPF

Publicado em 17/11/2016, às 10h41   Folhapress



A propina paga para integrantes da quadrilha comandada pelo ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) foi chamada de "taxa de oxigênio", de acordo com as investigações do Ministério Público Federal. Ela era responsável por manter o braço do grupo na Secretaria Estadual de Obras. 
Cabral foi preso nesta quinta-feira (17) na operação Calicute. 
De acordo com a procuradoria, o "O2", como também foi chamado, era destinado ao ex-secretário de Obras, Hudson Braga, também preso na operação da Polícia Federal. 
A "taxa de oxigênio" era de 1% dos valores dos contratos. Já Cabral recebia 5% dos valores. 
De acordo com os procuradores do MPF-RJ, as propinas eram pagas em forma de mesada. A Andrade Gutierrez pagava R$ 350 mil por mês e a Carioca Engenharia, R$ 500 mil a partir do segundo mandato do ex-governo -era R$ 200 mil no primeiro. 
Os recursos eram repassados de diferentes formas. Parte vinha de contratos fictícios de consultoria por meio do empresário Adir Assad, que repassava os recursos à quadrilha. 
Outra parte era repassado em espécie. Cabral tinha como principal operador e controlador do pagamento de propina o ex-secretário de Governo Wilson Carlos, também preso pela PF. 
Os responsáveis por recolher o valor em espécie eram Carlos Emanuel Miranda e Luiz Carlos Bezerra, também detidos na operação. 
De acordo com os procuradores, o dinheiro era coletado em mochilas. Em 14 de outubro de 2008, Miranda viajou a São Paulo exclusivamente para recolher a propina da Andrade Gutierrez, que não tinha os recursos em espécie para repassar à quadrilha de Cabral, sempre segundo informações do MPF. 
Já Hudson Braga tinha como operadores José Orlando Rabelo e Wagner Jordão Garcia, responsáveis por coletar a "taxa de oxigênio". 
Segundo o procurador Eduardo El Hage, membro da força-tarefa da Lava Jato no Rio, o termo "taxa de oxigênio" foi identificado num e-mail enviado por Alex Sardinha, da construtora Oriente, em que menciona o repasse de R$ 77,8 mil referente a uma fatura paga à empresa. 
Sardinha teve a prisão temporária decretada.

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