Política

João Leão afirma que Neto não será candidato ao governo em 2018

Publicado em 25/12/2016, às 23h59   Luiz Fernando Lima


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O vice-governador João Leão, dirigente do PP da Bahia, afirma que seu partido marchará com Rui Costa em 2018. Em entrevista concedida ao Bocão News e à Tribuna da Bahia, Leão toca em pontos polêmicos como a condenação do ex-deputado federal Luiz Argolo. Para ele, a pena foi demais pelo crime cometido. Diz ainda que o prefeito ACM Neto não deve ser candidato em 2018, pois acabou de ser reeleito prefeito de Salvador. “Ninguém votou no vice de Neto. Votaram nele”.

As polêmicas continuam. Confira!

Vice-governador, qual a leitura que o senhor faz do atual momento do país. Está de fato muito tenso?

O atual momento do país é muito difícil. As coisas estão difíceis de acontecer. Mas na Bahia nós não podemos reclamar. Estamos com as grandes obras acontecendo. Um exemplo claro é o metrô de Salvador. Outro exemplo são as obras que estão acontecendo no interior. Uma série de rodovias que vamos acelerar com a aprovação do projeto para captar 600 milhões de reais no intuito de fazermos rodovias na Bahia e manter a administração no curso certo.

De que forma o senhor está vendo a quebra de braço entre os poderes da república (Judiciário, Legislativo e Executivo). Isso de alguma forma faz com que a população tenha que ter uma preocupação maior com o que estamos vivendo?

No Brasil se criou a figura de quem aparecer melhor é o cara. Nós estamos realmente precisando que as pessoas entendam que o ideal é cada um trabalhar no seu setor. Cada um trabalhando no intuito de fazer as coisas melhorarem no país. A situação está difícil. Essa briga não é fácil. Nós tivemos uma grande briga com o presidente do Congresso Nacional (Renan Calheiros) e os ministros do Supremo Tribunal Federal. Agora, cada um tem que responder e se responsabilizar pela sua área. Renan tem que cuidar do Congresso. A ministra Carmen Lúcia deve cuidar do STF.

O senhor não acredita a negativa da mesa diretora do Senador a uma decisão do STF, ainda que monocrática, não exacerba esta disputa?

Decisão monocrática e pessoal hoje não vale nada. Infelizmente é o que está acontecendo. Hoje nós temos que ter decisões coletivas. Hoje muitas pessoas vivem em função da mídia. Em função daquele momento. Nós temos uma constituição a cumprir. Tanto que a decisão monocrática foi descumprida pelo próprio Supremo Tribunal Federal.

Como o senhor avalia o governo do presidente Michel Temer?

Razoável, eu acho que o governo está iniciando. Poderá ser um grande governo como poderá não ter sucesso. Eu acredito, por conhecer bem o presidente Michel Temer, sei da vontade e da pessoa que é. Foi um grande presidente da Câmara dos Deputados. Fez um trabalho excepcional. Tenho certeza, foi meu colega e meu amigo, eu o apoiei diversas vezes como presidente da Câmara dos Deputados. Vejo em Temer uma pessoa muito boa para ser presidente da República.

O PP apoia nacionalmente o governo do PMDB. Existe alguma possibilidade de mudança aqui na Bahia por uma pressão nacional?

Nenhuma. Nosso partido apoia o presidente Temer. O governador Rui Costa, o ex-governador Jaques Wagner, além dos nossos companheiros do PT, entendem que eu tenho que ter uma posição de aliado do governo federal.

Como é essa ponte? É muito difícil para um governo gerido por um petista manter relações ainda que institucionais como um presidente do PMDB, a quem foi atribuído um “golpe” para que se chegasse no cargo. O senhor será o principal elo entre os governos?

Não só eu. Diversos outros companheiros também estão. Nós temos o senador Otto Alencar (PSD). É uma situação idêntica a minha. Será, portanto, elo de ligação. Existem diversos companheiros dentro da bancada que votaram não ao impeachment, mas que hoje apoiam o governo Temer. O que nós queremos? Botar o Brasil para andar.

Como o senhor viu o resultado das últimas eleições municipais, sobretudo para o PP?

Primeiro quero agradecer a todo o povo da Bahia o carinho que teve com todo o Partido Progressista. Nós tivemos aqui na Bahia o PSD que foi o campeão de votos. Otto Alencar fez a maioria dos prefeitos do estado da Bahia. Nós fomos o vice-campeão. Estamos numa parceria muito grande, Otto e eu temos um acordo político. Onde Otto está João Leão também está e o contrário também acontece.

Este movimento colocou o governador Rui Costa muito mais dependente do PP e PSD. Isso de alguma forma surge como ameaça para 2018?

De maneira nenhuma. Rui é um grande administrador. Se tem um cara sério e competente que está fazendo um grande governo, que a população cada vez mais está entendendo, isso é o governador Rui Costa. Isso não é dito somente por mim. Isso é dito também pelo senador Otto Alencar. Nós estamos juntos neste processo. Rui, Otto e João Leão.

Rui é PT e o PT tem várias restrições a estas alianças, principalmente, os militantes. Como é que está esta relação?

Rui é governador da Bahia e a Bahia é muito maior que o PT, PP, PSD e que todos os partidos. Rui, Otto e eu brigamos pela Bahia.

O PT foi maior derrotado nas últimas eleições, ele vai conseguir se reerguer?

A situação do PT não está fácil. Eu acredito, pelas grandes figuras que nós temos compondo o partido, que o PT irá se reerguer nas próximas eleições.

Uma candidatura do prefeito ACM Neto em 2018 assusta?

De maneira nenhuma. Lhe digo com toda a honestidade que não acredito que ACM Neto será candidato a governador em 2018.

Por que?

Acho que Neto vai ponderar e sendo jovem tem tempo. Ele já errou em Salvador em 2008 quando foi candidato e não se elegeu. Não acredito. Eu acho que ele tem um compromisso com a população de Salvador. Tendo sido candidato a prefeito. Ninguém votou no vice de Neto não. Votaram foi nele para ser prefeito de Salvador por quatro anos. Ele termine o mandato dele de prefeito e depois venha para o jogo. Eu acho que o jogo é para se jogar, agora, cada um tem que ter responsabilidade com o seu jogo.

Seria um ato de irresponsabilidade sair para ser candidato ao governo do estado em 2018?

Eu acho que no momento atual de Neto sim. Porque ele não colocou para a população que seria candidato a governador. Ele fez campanha para ser prefeito de Salvador. Ao contrário, o governador Rui Costa e eu, como vice-governador e secretário do planejamento, temos interesse em fazer “n” parcerias com a prefeitura de Salvador. Um exemplo está ai. Nós vamos fazer a ponte Itaparica-Salvador. É uma coisa que nós queremos realizar e precisamos de uma parceria. Como estamos fazendo o metrô e a prefeitura de Salvador está sendo parceira no metrô. Então, você pode ser oposição um ao outro, mas o povo está acima de todos nós.

O senhor acha justa a crítica que Neto fez ao governo Dilma de que setores dificultaram a construção do BRT. O senhor já foi chefe da Casa Civil de Salvador: o BRT é um projeto viável para Salvador?

Um projeto viável. Tanto é que nós estamos fazendo o VLT do Subúrbio. O que nós queremos é fazer um projeto que seja viável e que venha atender ao povo de Salvador, porém, não podemos esquecer que Salvador e a Região Metropolitana são os grandes beneficiados do Estado da Bahia e não podemos nos esquecer das pessoas que moram no interior. Nós precisamos desenvolver o interior da Bahia.

Há algum risco de Rui Costa ser substituído por Jaques Wagner em 2018?

Nenhum. O nosso candidato ao governo em 2018 é Rui Costa.

O PP com certeza não rompe com o governador Rui Costa até 2018...

A não ser que acontece uma catástrofe.

O que seria uma catástrofe?

Não tem catástrofe.  Nós temos um compromisso com o governador Rui Costa do Partido Progressista. Do PSD, de Otto Alencar, nós estamos juntos.

Otto diz que não discute 2018 ainda...

Não é isso que ele me diz. Otto diz que nós estamos juntos.

O PT saiu derrotado nas últimas eleições e muita gente atribui isso aos escândalos de corrupção e à operação Lava Jato. O ex-presidente Lula “apanha” todos os dias na imprensa, contudo, as pesquisas sempre apontam para o bom desempenho dele. Ao que o senhor atribui isso?

Cada eleição é uma eleição. Se analisarmos Feira de Santana. Feira de Santana foi administrada pelo prefeito José Ronaldo durante oito anos. Na eleição passada, José Ronaldo ganhou a eleição, mas quando foi a vez para governo nós demos um cacete lá. O contrário de Vitória da Conquista e Camaçari que perdemos agora, mas lá quando ganhamos para prefeitura, perdemos para governo e presidente.

O PP é um partido que tem diversos deputados citados na Lava Jato. Terá dividendo em função disso. Como o senhor analisa este cenário?

Nem tanto. Não acredito que fragilize o PP. Todos os partidos estão sendo citados. PSDB, DEM, PT, PSD, PP e todos os partidos. Era o modelo de financiamento de campanha. Agora, a partir da mudança do modelo que foi aprovada no Congresso Nacional é que se aparecer em citação é chave de cadeia.

Não é chegada a hora de fazer uma reforma política do país?

Já foi mudado. Não pode mais ter contribuição de empresários. Só pessoas físicas. Quem errou cacete.

Quem errou para trás não deve ser punido também?

Depende. Ai que vem decidir é a Justiça.

O PP tem nomes da cúpula do partido como o hoje conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios, Mário Negromonte e do deputado federal Mário Negromonte Júnior que foram citados na Lava Jato. Há algum temor na Bahia de que eles sejam presos?

De maneira nenhuma. Não acredito que Mario será preso. Porque se comparar o que ele foi citado e as citações que estão acontecendo hoje é da água para o vinho. É negócio de bilhões para tostões.

Mas errado é errado?

É aquela história de quem rouba um centavo e um bilhão são culpados da mesma maneira, mas as penas são diferentes.

A prisão de Luiz Argolo coloca em cheque esta tranquilidade do partido?

Luiz Argolo não era mais do PP

Mas fez parte do partido?

Sim, fez parte do PP. Inclusive, eu acho um absurdo o que estão fazendo com ele. Um jovem com trinta e poucos anos de idade. Que escorregou e que teve problemas, mas que não deveria passar pelo o que está passando quando tem tantas outras pessoas com tantos mais culpas sobre Luiz Argolo que estão nesta história. Casos como o do deputado Luiz Argolo deveria ser um perdão diferente. Acho que já pagou por sua culpa e deveria ter um perdão para melhorar, prestar serviços comunitários para aprender e não fazer novamente.

Mas o senhor não acredita que isso coloca a classe política numa categoria diferente do restante da sociedade brasileira. Tem muita gente pobre que comete pequenos delitos e que paga um preço muito alto por eles?

O ladrão de galinha as vezes perdoado. Depende do juiz. Uma pessoa pobre que escorrega o juiz, as vezes, coloca para prestar serviços comunitários. As coisas que Luiz Argolo fez dentro do montante dos problemas são diminutas.

A sociedade já deu mostras de que não vai mais permitir que a política continue do jeito que está?

Esta é a minha política. Essa sempre foi a minha política. Sempre dei conselho a todos, inclusive, a Luiz Argolo. Ele pode até relembrar que na porta da Câmara eu o chamei e disse: esse não é o caminho. Dei conselho a centenas dentro do Congresso Nacional. Eu levei 20 anos dentro da Câmara dos Deputados e graças a Deus não tenho absolutamente nada. Não sei se é pela minha (história), pois eu já fui empresário antes de ser político e tinha mais de cinco mil funcionários, tinha uma condição econômica razoável, as tentações para mim não foram muito grandes. Eu continuei na minha. Querendo lutar pelo desenvolvimento econômico do Brasil e principalmente da Bahia.

O senhor foi citado na Lava Jato e isso trouxe algumas complicações o início de governo. O senhor tem tranquilidade para lidar com este assunto hoje?

Nenhuma complicação. Eu disse à época que estava cagando e andando e continuo. Não tenho nenhum problema com os problemas da Lava Jato. Fui fazer meu depoimento na Polícia Federal. Levei todas as minhas declarações de imposto de renda e mostrei que eu comprei um imóvel nestes últimos 35 anos. Continuo morando na mesma casa, o meu patrimônio só fez decrescer, mas continuo a mesma pessoa. Eu sempre digo que Deus gosta muito de mim porque quem vem lá do Muquém do São Francisco, do Riacho da Serra Branca, que foi prefeito de Lauro de Freitas, deputado federal na primeira vez com 27 mil votos e na última com 204 mil votos e vice-governador da Bahia não pode reclamar. Eu tenho uma missão a cumprir que é levar a Bahia para o desenvolvimento econômico.

O tamanho do PP vai fazer com que o partido peça mais espaço para o governador Rui Costa?

Não queremos mais espaço. Nosso espaço nós conquistamos no início do governo e acho que este espaço é conquistado no início de cada governo em função da performance de cada partido. Se o governador fizer alguma modificação eu não quero perder.

Na Assembleia Legislativa, como é ficou a disputa?

Tem um ditado da vida que diz que os “últimos serão os primeiros”. Luiz Augusto tem todas as condições de ser um grande presidente. Primeiro, pelo equilíbrio pessoal. Segundo, pela sua correlação de amizades tanto para o lado governo quanto para o da oposição com Nilo Coelho e principalmente comigo. Luiz Argolo representa para Assembleia Legislativa o candidato ideal para o novo modelo de política que está acontecendo agora. Qual é o novo modelo? Todos juntos puxando a corda para o mesmo lado. Nas crises é que temos as grandes oportunidades. Nós temos grandes obras para fazer no estado, a exemplo: da ponte Salvador-Itaparica, Ferrovia Oeste-Leste e outras. Precisamos fazer com que o nosso povo melhore de vida e as coisas aconteçam.

Chega de Marcelo Nilo?

Marcelo é uma figura maravilhosa. É meu amigo pessoal. Adoro Marcelo, mas não pode continuar. Já é o sexto mandato. Não adianta, acho que Marcelo tem que vim ser secretário. Eu acho que o governador Rui Costa deve convidar o deputado Marcelo Nilo para ser secretário de estado. Ele tem que demonstrar no Executivo a sua capacidade gerencial já que um dos sonhos dele é ser governador da Bahia. Essa é a figura de Marcelo Nilo. Nós temos uma vaga para ele.

O PP tem hoje uma disputa interna que há muito não se via no Partido Progressista. O deputado federal Ronaldo Carletto tem buscado ampliar seu espaço dentro do partido e demonstrado insatisfação com a direção. O deputado estadual Robinho também. Podendo os dois sair. Isso incomoda, fissura a relação?

Se o deputado federal Ronaldo Carletto quiser ser presidente do partido eu passo para ele a presidência no outro dia. Uma grande figura humana. Meu amigo, foi deputado estadual. Votou comigo para federal. Robinho é a mesma coisa. No PP não temos este problema. Isto é o que mídia leva. Ao contrário, Robinho e Carletto são duas figuras maravilhosas. Não vão sair.

Uma parte do partido sinaliza que gostaria de marchar com o prefeito ACM Neto...

Eu acho difícil. Porque entre João Leão e ACM Neto, eles preferem João Leão.

Classificação Indicativa: Livre

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