Política

Testemunha diz ter sido comprada por Joceval para depor contra deputado

Publicado em 30/01/2017, às 09h34   Tamirys Machado


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Uma das testemunhas do processo que pode levar a cassação do mandato do deputado federal (PV) por conta de “abuso de poder econômico” declarou em juízo que foi comprada pelo atual vereador e suplente na Câmara Federal, Joceval Rodrigues (PPS).  Conforme a escritura pública declaratória feita no dia 18 de janeiro, no cartório da comarca de Teixeira de Freitas, a testemunha Jocimara Salgado declarou que foi procurada, para que ajudasse o vereador, que havia ficado suplente ao cargo de deputado federal, logo após as eleições de 2014. 
No depoimento ela disse que recebeu quantias em dinheiro e uma promessa de cargo no gabinete de Joceval, caso ele conseguisse a vaga em Brasília. A declarante afirmou que em todos os testemunhos dando durante o processo foi orientada em várias reuniões pelos advogados de Joceval para prejudicar Lucas Bocão (PV), vice-prefeito de Teixeira de Freitas e o deputado Uldurico Júnior. 
O julgamento do caso, que já corre na justiça há dois anos, será nesta segunda-feira (30) no Tribunal Regional Eleitoral. 
Procurado pelo Bocão News, o vereador reeleito, Joceval Rodrigues negou que tenha comprado testemunha e disse que a assessoria jurídica já tomou ciência do assunto. “Minha assessoria jurídica já tomou ciência disso, como várias tentativas de postergar e dar outro rumo ao processo [..]É uma pena, uma declaração dessas é muito grave. Duas testemunhas favoráveis a ele foram presas, saíram algemadas. Não quero fazer nenhum tipo de comentário sobre isso. Estranho essa declaração sair hoje sendo que é amanha o julgamento. O processo é amanhã, todo período de ouvir testemunha acabou. Eles [advogados de Uldurico] fizeram uma petição pedindo para adiar o processo dizendo que os advogados não poderiam ir, depois alegaram que não havia sido divulgado a ata, agora é a terceira tentativa”, disse o vereador. 
Joceval afirmou ainda que Jocimara Salgado não é testemunha dele. “Ela não é minha testemunha, ela foi até o Ministério Público e denunciou tudo que nós estávamos falando no processo, então anexamos declarações dela denunciando Uldurico de até mesmo não ter pago a ela quando trabalhou na rádio, e por isso o juiz a convidou para testemunhar nesse caso”, explicou. 
Questionado se já teve contato com a declarante, ele disse que não. “Zero. Só nas audiências na presença do juiz”. 
Sobre o que espera do processo, o edil afirmou que está tranquilo. “Eu tenho o mandato de vereador, estou extremante tranquilo, espero que a justiça seja feita. Confio na justiça baiana e espero que essas manobras de postergar o processo não sejam mais um motivo para que a verdade não seja colocada a tona”.  
Ao Bocão News, o deputado federal  Uldurico afirmou que tomou conhecimento neste domingo do assunto e vai entrar com uma queixa crime contra Joceval. “Ele está tentando ganhar o mandato no tapetão. Comprar uma testemunha é um crime e ele tem que pagar”. O parlamentar disse que não tem contato com a testemunha, mas a conhecia “quando era funcionária da rádio que eu trabalhava [em Teixeira de Freitas ], depois que saiu nunca mais a encontrei”. 
Caso 
O deputado federal Uldurico Junior (PTC) responde na justiça eleitoral por abuso de poder econômico. Segundo o processo, nas eleições, Uldurico teria usado as rádios da família para promover campanha. Ação julgada em 2014 deixou inelegíveis os candidatos a prefeito e vice de Porto Seguro, Lúcio Caires Pinto e Leandro Moreira Silva, respectivamente, além do radialista José Ubaldino Alves Pinto Júnior, irmão do candidato a prefeito. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) acolheu pronunciamento da Procuradoria Regional Eleitoral (PRE), condenando os três por abuso de meios de comunicação e poder econômico. 
Com informações do repórter Alexandre Galvão
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Publicada originalmente dia 29

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