Política

Odebrecht detalha 'valor do passe' de Rodrigo Maia, o Botafogo

Publicado em 13/04/2017, às 08h25   Folhapress


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Em depoimento, o executivo da Odebrecht, Luiz Eduardo da Rocha Soares, detalhou que, em 2014, o pagamento ilícito feito ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), era indicado como o "valor de passe" de "volante" do "Fluminense" em planilha da empresa. 
Segundo duas planilhas apresentadas pelo delator, que constam em pedido de abertura de inquérito encaminhado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF), as analogias futebolísticas eram padronizadas: a posição "volante" identificava o cargo de deputado federal, e o clube, "Fluminense", o Democratas, partido de Maia. 
Já o "valor do passe", especificado apenas como "cem", é o dinheiro que a empresa repassou ao parlamentar para a campanha, segundo o executivo. 
Rodrigo Maia já havia sido associado a outro time de futebol carioca, o "Botafogo". No depoimento de Soares e também dos delatores Benedicto Jr, João Borba Filho, Cláudio Melo Filho, Carlos José Fadigas de Souza Filho, os executivos afirmam que o presidente da Câmara também atendia por "Inca" e "Déspota". 
Eles detalharam pagamentos o deputado federal e seu pai, o ex-prefeito do Rio de Janeiro Cesar Maia (DEM-RJ), em 2008, 2010, 2013 e 2014. Em 2008, Benedicto Jr., o BJ, Rodrigo Maia solicitou e recebeu R$ 350 mil como ajuda para campanha eleitoral em 2008. Porém, naquele ano, nem o parlamentar nem Cesar Maia foram candidatos a cargos eletivos. 
Já em 2010, os delatores apresentaram, segundo o procurador, evidências do pagamento de R$ 400 mil para a campanha de Cesar Maia ao Senado Federal, entre o dia 12 de agosto e 30 de setembro. Cláudio Melo Filho, por sua vez, relatou o pagamento de R$ 100 mil a Rodrigo Maia em 2013. 
Segundo o pedido de Janot, Rodrigo Maia "em sua atuação parlamentar, apresentou contrapartida aos pagamentos ilícitos feitos pela Odebrecht". Ele afirma pagamentos feitos aos políticos "tinham sim o caráter de propina" e não eram "mera contribuição irregular de campanha". 
Como o ministro Edson Fachin aceitou o pedido de abertura de inquérito da Procuradoria-Geral da República (PGR), o presidente da Câmara e seu pai serão investigados por corrupção ativa, passiva, e lavagem de dinheiro. 
OUTRO LADO 
O presidente da Câmara afirmou que "o processo vai comprovar que são falsas as citações dos delatores, e os inquéritos serão arquivados". Já seu pai declarou nunca ter recebido "um tostão da Odebrecht. Ela doava ao partido e o partido entregava aos candidatos". 

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