Política

Wagner tirou a Via Expressa da alçada de aliado de Geddel no governo

Publicado em 10/05/2017, às 21h42   Aparecido Silva


FacebookTwitterWhatsApp

A revelação do atual secretário de Desenvolvimento Econômico da Bahia, Jaques Wagner (PT), de que descobriu acerto de propina na obra da Via Expressa em 2008 levantou suspeitas sobre quem seria o protagonista do suposto acordo.

“Pergunta a Claudio Mello [ex-executivo da Odebrecht] porque ele não pegou a obra da Via Expressa. Não pegou porque alguém do meu governo, que não me interessa falar, parece que já tinha vendido a ele a obra na contrapartida de alguma grana. Eu disse, se você pagou adiantado, pagou mal pago. Porque aqui vai ter licitação”, relatou Wagner na última segunda-feira (8) em entrevista ao programa Se Liga Bocão, na Itapoan FM, sem citar nomes. “A pessoa não aprontou mais porque eu não deixava. Eu descobri porque Cláudio Melo veio falar comigo e disse que interpretou que a obra era deles”, ressaltou o secretário.

O que se sabe é que a obra estava inicialmente prevista para ser implantada pela Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), tocada à época por Antônio Carlos Batista Neves, indicado de Geddel Vieira Lima, então ministro do governo Lula e ainda aliado do governo petista na Bahia. Velhos conhecidos, Geddel e Claudio Mello Filho são vizinhos no condomínio de Interlagos, na Estrada do Coco, em Camaçari.

A relação entre Wagner e Geddel já vinha se estremecendo e se acirrou neste episódio quando Wagner publicou decreto retirando da Seinfra a tarefa de contratar as obras e transferiu tal atribuição para a Companhia de Desenvolvimento Urbano (Conder), da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur), comandada pelo agora deputado federal petista Afonso Florence. A Conder, por sua vez, era tocada pela atual deputada estadual Maria Del Carmen. “Fica a Conder autorizada a licitar e contratar as obras, serviços e bens necessários, assim como realizar projetos e demais atos para implantação da Via Expressa Portuária”, dizia o artigo 5 do decreto do Executivo estadual. Como se vê, a obra passou das mãos do PMDB de Geddel para o PT, partido do então governador.

O decreto do então governador Wagner, publicado no Diário Oficial do Estado em 9 de maio de 2008, criava o grupo de trabalho para implantação e fiscalização das obras e estabelecia o grupo executivo para coordenar as atividades. Desta forma, o chefe do Palácio de Ondina delegou a Florence e a Del Carmen os pontos chaves da obra que classificava como a mais importante da Bahia nos últimos 30 anos. Batista Neves permanecia com assento no grupo de trabalho, mas não estava no comando.

Contrariado com a decisão, Batista Neves chegou a dar entrevista à imprensa na ocasião externando sua discordância com a transferência. “Eu me posicionei contra isso porque estaria tirando esta expertise toda do Derba, utilizando a Conder. Porque a Conder não tem essa tradição. Todos os eixos principais da Bahia, inclusive, em Salvador, foram feitos pelo Derba, como a orla marítima, as avenidas Luís Eduardo Magalhães, Paralela, Bonocô, Cardeal da Silva, Suburbana, 28 de Março, Estrada da Rainha”, enumerou Batista Neves ao extinto site Jânio Lopo.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp