Política

Vídeo: tesoureiros de candidatos se unem para enganar TSE, revela João Santana

Publicado em 13/05/2017, às 07h50   Redação BNews


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O marqueteiro das campanhas eleitorais do PT, João Santana, disse em depoimento à Lava Jato que as tesourarias de candidatos rivais firmam acordos para enganar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Combinam os valores que irão declarar na prestação de contas oficial. Com isso, dão aparência de normalidade à contabilidade. “Uma prática generalizada”, disse.
Na oportunidade, Santana insinuou que esse tipo de acerto foi feito na campanha de 2014 entre os comitês da petista Dilma Rousseff e do tucano Aécio Neves. “O oponente direto também é obrigado. Quando se declara um preço, ele não pode se afastar tanto desse preço, para não ter disparidade, desconfiança. E o que acontece? Existe um acordo informal entre as campanhas. Mesmo campanhas que vão se digladiar, arrancar sangue. Os coordenadores financeiros conversam entre si. ‘Olha, o meu preço vai ser esse’. E o outro chega perto ou passa.”
E continua: “existia esse tipo de acordo. Não só entre essas campanhas [presidenciais], como campanhas de governadores, de prefeitos. Os tesoureiros de campanha conversavam entre si. Isso eu sei porque conversavam. Todos vão me desmentir, mas é verdade.”
Durante o depoimento, Santana vangloriou-se de ter conseguido puxar para o alto a escrituração do valor que cobrou do comitê de Dilma: coisa de R$ 70 milhões, noves fora a verba que transitou por baixo da mesa, no caixa dois —uma parte depositada pela Odebrecht em conta secreta na Suíça.
O procurador da República que interrogava João Santana enxergou nas declarações do delator uma tentativa de tratar como normal algo que é criminoso. Lembrou ao depoente que, se os marqueteiros não admitissem receber dinheiro sujo no exterior, as campanhas seriam “mais limpas, honestas e democráticas.” Disse mais: “Financiamento em caixa dois torna a campanha desigual, principalmente quando é reeleição e o candidato já está no poder.”
O marqueteiro não deu o braço a torcer: “…Torna desigual, mas essa que se chama de violar a democracia, todos violam. Pequenos e grandes. Cada um à sua maneira. E se associam para violar. É uma prática generalizada o caixa dois.” O procurador insistiu: “[…] O senhor tem que ter essa consciência de que praticou uma ilicitude e faz parte de uma engrenagem muito nociva.”
E João Santana se enquadrou: “Sem dúvida alguma. E me arrependo profundamente. Inclusive pelo sofrimento pessoal, o sofrimento político, moral, familiar e empresarial que eu estou sofrendo. Isso sem dúvida. Eu não me isento disso. O senhor tem toda razão nesse aspecto.”

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