Política

Carreira política de Loures tem íntima ligação com Temer

Publicado em 26/05/2017, às 15h02   Redação BNews


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Parlamentares paranaenses que convivem ou conviveram com o deputado federal afastado Rodrigo Rocha Loures o classificam como "candidato a homem-bomba" do presidente da República, caso decida e tenha o que delatar. Tudo isso em meio a um escândalo político deflagrado com as delações da JBS. 
O turbilhão pode custar a queda de Temer, o mandato do paranaense e o do senador mineiro Aécio Neves (PSDB). Loures aparece no epicentro da crise não apenas como deputado -- cujo mandato foi suspenso pelo Supremo Tribunal Federal, mas como ex-assessor especial de Temer que acabou flagrado recebendo uma mala com R$ 500 mil oriundos de propina.
Sob a condição de anonimato, parlamentares conversaram com a reportagem do UOL sobre a trajetória de Rocha Loures – alçado de empresário do ramo alimentício, em 2002, a chefe da assessoria parlamentar de Temer, em 2015, e deputado federal em 2017 com a nomeação de Osmar Serraglio (de quem era suplente) ao Ministério da Justiça.
Filho do empresário e ex-presidente da Fiep (Federação das Indústrias do Paraná) Rodrigo Costa da Rocha Loures, 74, Rodrigo Santos Rocha Loures, 50, se formou administrador de empresas pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), em São Paulo. Ele está no segundo casamento, tem dois filhos e sua mulher está grávida. Chegou à política ao se aproximar de um Roberto Requião ainda candidato ao governo do Paraná, em 2002.
Foi tão ativo na campanha vitoriosa, que o peemedebista viu nele perfil para integrar a futura equipe de governo. Loures atuou como chefe de gabinete de janeiro de 2003 a julho de 2004. No ano seguinte, filiou-se ao PMDB e, com o apoio do padrinho político, lançou-se em uma campanha à Câmara Federal em 2006, saindo vitorioso dela e mantendo-se no cargo até 2011.
Ainda no governo do Paraná, ele assumiu em janeiro de 2005 a direção do então chamado IDP (Instituto Paraná Desenvolvimento), onde ficou até junho de 2006.
A aproximação com Temer começaria no mandato em Brasília (2007 a 2010) e ganharia corpo em 2010, quando o agora presidente, então deputado federal e presidente nacional do PMDB, apostava na aliança com o PT para a sucessão daquele ano -- Dilma Rousseff seria eleita, por sinal, com Temer de vice. Favorável à candidatura própria do PMDB à Presidência, Requião, eleito senador em 2006, foi voto vencido.
Já atuando como assessor do vice-presidente Temer, no primeiro mandato de Dilma, Rocha Loures foi alçado a membro da Executiva nacional, pelo peemedebista, e nomeado interventor do PMDB do Paraná em 2014, quando o partido rachou em relação a lançar nome ao governo paranaense ou apoiar Richa na tentativa de reeleição.
Rocha Loures é suspeito de ter recebido propina da JBS para viabilizar nomeações e operações de interesse da empresa. Seria, segundo denúncias, o interlocutor entre Temer e a JBS. Em uma ação controlada organizada pela PGR (Procuradoria-Geral da República), foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil entregue pelo diretor de Relações Institucionais da JBS, Ricardo Saud.
Joesley Batista, um dos donos da JBS, e Saud teriam acordado com Rocha Loures o pagamento de uma propina de R$ 500 mil semanais por 20 anos --o que totalizaria quase meio bilhão de reais. A quantia da "primeira parcela" recebida durante a ação controlada é quase um terço do valor de bens declarados pelo deputado afastado na campanha de 2014, que era de R$1.187.771,22.
Procuradas, as assessorias dos senadores Roberto Requião e Romero Jucá, respectivamente, presidentes das executivas estadual e nacional do PMDB, não se manifestaram sobre a situação de Rocha Loures no partido.

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