Política

Famoso por guardar dinheiro vivo, Bendine ajudou Val Marchiori a comprar Porsche

Publicado em 27/07/2017, às 11h47   Folhapress


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Sob a presidência de Aldemir Bendine, preso na manhã desta quinta (27) pela Operação Lava Jato, o Banco do Brasil transformou caminhões em um carro de luxo. 
Com a ajuda do banco, a socialite e apresentadora de TV Val Marchiori conseguiu financiar seu Porsche Cayenne S, modelo 2014, com que ela circulava pelas ruas dos Jardins paulistanos. 
Em 2015, a Folha de S.Paulo revelou que a instituição driblou regras internas para financiar à socialite R$ 2,79 milhões, subsidiados pelo governo a juros de 4% ao ano. O financiamento integrava uma linha de crédito para caminhões, e destinava-se à Torke Empreendimentos, transportadora registrada em nome da socialite. 
Val foi acusada de fraude pelo Ministério Público Federal em 2016. A procuradora Karen Kahn sustentou que ela alterou o objeto social da Torke ao incluir no objeto social da transportadora que a empresa trabalhava com produtos perigosos. Segundo a denúncia, a manobra serviu para atender a uma exigência da instituição financeira e, assim, conseguir a liberação do empréstimo, com recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). 
Marchiori tinha restrição de crédito por não ter pago empréstimo anterior ao BB e também não apresentava capacidade financeira para obter o financiamento -parte dele, usado para a compra do Porsche. 
A socialite é amiga de Bendine e o acompanhou em duas missões oficiais do banco, uma na Argentina e outra no Rio. Em entrevista à Folha de S.Paulo, o ex-motorista do BB Sebastião Ferreira da Silva disse que a buscava em diversos locais de São Paulo a pedido dele. "Fui buscar muitas vezes a Val Marchiori", afirmou. 
O ex-presidente do Banco do Brasil nega qualquer participação na concessão do empréstimo. Ele reconhece que ficou hospedado no mesmo hotel que Marchiori nas duas ocasiões, mas diz que a estadia dela não tinha relação com as missões do banco, que foram coincidências. 
DINHEIRO VIVO 
Bendine presidia uma das instituições financeiras mais importantes da América Latina. No entanto, costumava guardar dinheiro vivo em casa, hábito que declarava à Receita. 
O ex-presidente do banco pagou multa de R$ 122 mil ao fisco, em 2010, para não ser questionado sobre a evolução de seu patrimônio em espécie. Ele foi autuado por não comprovar a procedência de aproximadamente R$ 280 mil, conforme a Folha de S.Paulo também noticiou. 
Nesse mesmo ano, o jornal revelou que Bendine comprou, também com dinheiro vivo, um apartamento de R$ 150 mil no interior de São Paulo.
Em 2014, um ex-motorista do executivo depôs ao Ministério Público Federal que fazia pagamentos em dinheiro vivo a pedido de Bendine e que já o viu saindo de um prédio nos Jardins com uma sacola cheia de notas de R$ 100. 
O motorista afirmou que os maços foram entregues ao empresário Marcos Fernandes Garms, amigo do ex-presidente do BB. Bendine afirmou, na época, que as acusações eram caluniosas. 
ODEBRECHT 
Há evidências de que, enquanto dirigia o Banco do Brasil (2009-2015), Bendine teria pedido R$ 17 milhões em propinas para viabilizar a rolagem de uma dívida de um financiamento da Odebrecht AgroIndustrial. 
Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, executivos da empreiteira, afirmaram ao Ministério Público Federal que negaram o suborno por avaliarem que o ex-presidente da instituição não tinha capacidade de influenciar no contrato. 
Nesse mesmo depoimento, ambos afirmaram que Bendine pediu a propina dizendo que era interlocutor da ex-presidente Dilma Rousseff entre 2014 e 2015.

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