Política

Pacote de privatizações de Temer é o maior em duas décadas

Publicado em 27/08/2017, às 21h50   Redação BNews



O pacote de privatizações anunciado esta semana pela gestão de Michel Temer é o maior desde o Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), responsável pela maior onda de desestatização do país, de acordo com o El País. Há, entretanto, poucos detalhes sobre o plano de privatizar 57 projetos e empresas estatais, entre elas a Casa da Moeda e o aeroporto de Congonhas.
A reportagem detalha que durante a gestão de Fernando Henrique (1995-2003), foi criado o Conselho Nacional de Desestatização que acelerou bastante os processos de venda de estatais. Só no primeiro mandato, foram privatizadas mais de oitenta empresas, como a Vale do Rio Doce, a gigante de minério de ferro e pelotas, e o sistema Telebras, que até então era o monopólio estatal (e insuficiente) do setor de telecomunicações. A empresa de telefonia foi desmembrada em 12 companhias. A venda de empresas foi uma tentativa do Governo, assim como agora propõe Temer, de conter o agravamento da dívida pública.
Ainda de acordo com o jornal, há um certo consenso de que a privatização das teles foi um sucesso, mas que outras foram feitas a toque de caixa, gerando forte crítica de parte da sociedade sobre as privatizações. Muitos analistas avaliaram, na época, que a Vale, por exemplo, acabou sendo vendida abaixo do preço de mercado. Outra crítica levantada contra as privatizações de FHC foi a atuação do BNDES, o banco público de desenvolvimento brasileiro, que financiou boa parte das compras de ativos públicos.
A publicação afirma também que com a chegada de Lula, a política de privatização foi freada. O Governo petista acabou dando uma ênfase diferente à relação com o setor privado e focou em fazer apenas concessões com prazos de validade renováveis de atividades do Estado para a iniciativa privada, principalmente de rodovias e hidrelétricas. 
O Governo Dilma Rousseff deu continuidade ao modelo implementado por Lula, estendendo as concessões para outros setores importantes, como os aeroportos. Pouco antes do processo de impeachment, a ex-presidenta chegou a anunciar um novo programa de concessões que incluía aeroportos, portos e ferrovias, com a expectativa de gerar 198 bilhões de reais. Grande parte do programa nunca saiu do papel. Diante de anúncios diários de medidas pouco debatidas às vésperas de um ano eleitoral, o novo pacote de Temer poderia ter o mesmo destino.

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