Política

Bahia não tem disputa eleitoral em segundo turno desde 1994

Reprodução
Há 24 anos, Paulo Souto (49,30%), João Durval (25,29%), Jutahy Magalhães Filho (14,13%) e Nilo Coelho (8,27%) dividiram os votos; Souto, por sua vez, venceria o segundo turno com 58,64% dos sufrágios  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 13/04/2018, às 09h45   Luiz Fernando Lima



A oposição ao governo Rui Costa ainda discute a estratégia para melhor compor a chapa ou as chapas majoritárias de modo a fazer frente ao candidato petista à reeleição. Após a recusa do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), em disputar o pleito, as principais lideranças do bloco iniciaram suas reuniões dentro dos respectivos partidos para traçar a tática que melhor serve aos objetivos específicos.

O ex-prefeito de Feira José Ronaldo (DEM) larga na frente por carregar o apoio de Neto. Embora o presidente nacional do Democratas tenha rompido o fio da confiança entre aliados com a defecção, ele acredita que será possível unificar a base desde que tenha tempo para explicar suas razões para a decisão “mais difícil” que tomou na vida, segundo o próprio.

Por outro lado, o presidente estadual do PSDB, deputado federal João Gualberto, já iniciou tratativas com as legendas do campo político para tentar viabilizar a sua candidatura ao Palácio de Ondina. Na última quinta-feira (12), o empresário sentou-se com representantes do PSC para abrir conversas sobre uma eventual composição.

O MDB, do deputado Lúcio Vieira Lima, também apresentou candidato: João Santana, ex-ministro de Integração do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Os emedebistas tendem a ter candidatura solo, pois o próprio ACM Neto não quer a legenda entre as coligadas em 2018. 

O PRB já lançou candidatura própria em outras disputas, mas, como a estratégia do partido é —pelo menos— manter três cadeiras Câmara dos Deputados e ampliar o espaço na Assembleia Legislativa, a tendência é que participe da chapa majoritária sem ocupar a cabeça.

Esse cenário favorece a candidatura do atual governador, que busca seguir no posto. A oposição, contudo, “ganhou” algum tempo para estudar a melhor estratégia a fim de impor dificuldades ao grupo do petista. 

Por ora, há no ar sugestão de que diversas candidaturas podem contribuir para levar a eleição para o segundo turno. O problema é que a última vez que houve disputa em dois turnos foi em 1994. 

Há 24 anos, Paulo Souto (49,30%), João Durval (25,29%), Jutahy Magalhães Filho (14,13%) e Nilo Coelho (8,27%) dividiram os votos. Souto venceu o segundo turno com 58,64% dos sufrágios. O interessante é que todos os candidatos à época eram conhecidos e tinham força política que os pré-candidatos no atual cenário não têm. 

Antes daquela eleição, em 1990, ACM (PFL) levou com 50,71%. Já em 1998, foi a vez de César Borges (DEM) impor a maior vantagem eleitoral dos últimos 30 anos, tendo recebido 69,91% dos votos. Zézeu Ribeiro (PT), morto em 2015, ficou em segundo, com 15,17%, e foi seguido por João Durval, que obteve 12,8%.

Em 2002, na primeira eleição que o ex-presidente Lula venceu, o candidato do PT na Bahia foi Jaques Wagner. Paulo Souto, entretanto, saiu vitorioso, com 53,69% dos votos. O petista, por sua vez, teve 38,47%.

Já em 2006, o cenário se inverteu. Wagner, impulsionado pela “onda vermelha”, somou 52,89% dos votos, frente aos 43,03% de Souto. Em 2010, o petista também ganhou no primeiro turno, quase igualando a vantagem de César Borges em 1998. O ex-governador anotou 63,38% dos votos válidos. Souto ficou com 16,09; e Geddel, 15,56%. 

No que se refere a candidaturas competitivas, esse cenário de 2010 foi aquele em que se esperava mais acirramento. À época, Geddel estava em alta:  saiu do Ministério da Integração e conseguiu reeleger João Henrique prefeito de Salvador.

Em 2014, Rui Costa venceu o pleito com 54,53%. Paulo Souto ficou com 37,39% e a senadora Lídice da Mata chegou a 6,62%. 

A cronologia é essa. Mas cada eleição carrega em si o seu contexto. O palanque nacional sempre exerceu forte influência sobre as campanhas na Bahia. Neste ano, contudo, ainda não se sabe quais candidaturas serão viáveis do ponto de vista político-financeiro-eleitoral. 

Entre os quadros partidários do segundo escalão a divisão é grande. Há quem defenda uma candidatura única e outras que pensam ser melhor pulverizar. A tática aí vai desde aumentar a possibilidade de manter ou minimizar perdas de assentos no Legislativo estadual e federal à necessidade de ter um palanque forte para uma candidatura a presidente da República.

O tempo ainda corre a favor, embora seja preciso repensar estratégias. E o “timing”, todavia, não pode ser perdido sob pena de o grupo de oposição não conseguiconstruir uma candidatura competitiva ou candidaturas competitivas.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp