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Paulo Preto teme nova prisão e continua com disposição de delatar

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Defesa do ex-diretor da Dersa avaliava que motivo da prisão decretada pela Justiça de SP era extremamente frágil  |   Bnews - Divulgação Folhapress

Publicado em 12/05/2018, às 07h26   Folhapress


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A defesa do ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza teme que ele seja preso novamente e, por isso, manteve os planos de ele negociar um acordo de delação premiada. O engenheiro, conhecido como Paulo Preto, é apontado como operador de propinas e de contribuições ilícitas para o PSDB durante o governo de José Serra (2007-2010).

Os advogados de Paulo Preto avaliavam que o motivo da prisão decretada pela Justiça Federal de São Paulo —o desvio de R$ 7,7 milhões em obras do Rodoanel Sul e a suposta ameaça a uma testemunha— era extremamente frágil. Foi para essa prisão que o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, concedeu habeas corpus nesta sexta (11).

Na visão da defesa, a suposta ameaça a uma testemunha ocorreu há três anos e não era motivo para prisão, já que não haveria nenhuma interferência na instrução do processo, instaurado no ano passado.

Há, porém, um motivo extremamente forte para a prisão de Paulo Preto, na visão de procuradores da Lava Jato: a revelação por parte das autoridades da Suíça de que ele manteve quatro contas naquele país, com um saldo de US$ 34,4 milhões (R$ 123,8 milhões) e transferiu o montante para as Bahamas em 2016, quando a Lava Jato já tinha dois anos de idade.

O engenheiro é uma exceção na Lava Jato, conforme a Folha mostrou em 18 de março: outros investigados que receberam propinas em contas no exterior, como o ex-governador Sérgio Cabral e o ex-diretor Paulo Roberto Costa, foram presos.

Com Paulo Preto ocorreu algo ainda mais grave, na avaliação de investigadores da Lava Jato: ele transferiu os recursos para as Bahamas, um paraíso fiscal no Caribe, quando a Suíça já apontara suspeitas de lavagem de dinheiro nas contas.

Documento das autoridades suíças revelado pela Folha na última segunda (7) aponta que Paulo Preto abriu quatro contas num banco suíço 43 dias depois de assumir o cargo de diretor de engenharia da Dersa, em maio de 2007.

Ainda de acordo com o documento, as contas receberam "numerosas entradas de fundos" entre 2007 e 2009, no governo Serra, quando a Dersa executava obras de grande porte como o Rodoanel Sul e a Nova Marginal Tietê.

A investigação sobre as contas na Suíça estava com a força-tarefa da Lava Jato em São Paulo até a defesa de Paulo Preto conseguir suspendê-la em janeiro. Os advogados do ex-diretor da Dersa querem que o caso das contas seja analisado pelo Supremo e ingressou com uma medida com essa finalidade junto ao ministro Gilmar Mendes.

Gilmar, porém, ainda não decidiu se o caso ficará com a Justiça Federal de primeira instância ou com o Supremo.

A intenção de Paulo Preto delatar causa apreensão no PSDB. O engenheiro é ligado ao ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, segundo tucanos, e conseguiu seu cargo mais importante no governo Serra. Não se sabe até agora se ele prestou algum tipo de serviço para o pré-candidato à Presidência do PSDB, o ex-governador Geraldo Alckmin.

Aloysio, Serra e Alckmin têm negado que tenham recebido recursos de caixa dois ou propina do ex-diretor da Dersa. Aloysio afirma que não indicou Paulo Preto para a diretoria de engenharia da Dersa, como é corrente entre os próprios tucanos. 

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