Política

Gustavo Ferraz relata drama de prisão em Brasília e cita dívida de R$ 270 mil com defesa

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Ex-aliado de Geddel Vieira Lima foi absolvido no STF  |   Bnews - Divulgação Gilberto Júnior / BNews

Publicado em 22/05/2018, às 19h47   Eliezer Santos


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Em 2012, Gustavo Ferraz buscava em São Paulo cerca de R$ 300 mil a mando do ex-ministro Geddel Vieira Lima. Hoje, seis anos depois, enfrenta uma dívida de R$ 270 mil com os honorários do advogado que o defendeu das acusações de associação às práticas ilícitas do presidiário que já foi cacique do MDB na Bahia, em especial episódio do bunker de R$ 51 milhões.

Ferraz foi preso em setembro de 2017 e ficou detido 40 dias em Brasília. Depois, cumpriu prisão domiciliar Salvador, antes de ser absolvido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). 

Para quitar o saldo devedor, a mãe de Ferraz vendeu um apartamento e ele tomou um empréstimo de R$ 100 mil na Caixa Econômica Federal, que será pago em parcelas de R$ 2 mil no período de oito anos.

Nesta terça-feira (22), em entrevista ao programa Se Liga Bocão, na Itapoan FM, Gustavo Ferraz relatou detalhes desde investida dos agentes da Polícia Federal em sua casa até a rotina em Brasília e o relacionamento com a família Vieira Lima.

“Bateram na porta do vizinho, saí para ver o barulho e era na minha casa. Tinham mandado de prisão. Entraram reviraram tudo. Minha filha estava lá. Imagine você dizer que o papai vai viajar”.

Enquanto esteve detido na capital federal, Ferraz recebeu visitas semanais da mãe e da esposa, que voavam de São Paulo e Salvador, respectivamente. “Não podia chorar na frente delas. Tinha que mostrar força por dentro para não chorar [...] Quando você está fora, o sofrimento da saudade...Você escreve as cartinhas para a filha, ela manda os desenhinhos para você”.

Ferraz, que atuava como secretário da Defesa Civil de Salvador por indicação do deputado federal Lúcio Vieira Lima (MDB-BA), contou que não recebeu nenhuma ligação ou menção de apoio vinda do irmão de Geddel. 

Hoje, retribui na mesma medida ao cacique do MDB baiano que virou réu no STF. 

“Não recebi nenhum tipo de ligação. Me reservo o direito de não ligar. Nas minhas orações, lembro dos filhos, da família”. Assim como Lúcio, a maioria dos seus colegas de partido lhe viraram as costas. 

Gustavo Ferraz alegou que o erro de transportar valores ilícitos ocorreu por não ter questionado seus superiores quanto à legalidade da missão. 

“Avaliar o erro depois do que aconteceu. Talvez tenha sido o erro de não perguntar a origem, mas quantas pessoas não faziam isso em meu lugar...talvez eu devesse perguntar. Errei porque não perguntei. A minha preocupação maior foi entregar aqui do mesmo jeito que peguei, sem tirar nenhum centavo. Eu entreguei na mão de Geddel”.

“Não me considero nem tenho idade para ser usado por nada. Foi apenas o desejo de ajudar”, emendou.
De volta à atividade política, fora do MDB, Ferraz quer ser candidato a prefeito em Lauro de Freitas em 2020, cidade da Região Metropolitana de Salvador onde ele já atuou como secretário anos atrás.

“Fui devassado, colocado de cabeça para baixo e só caiu moeda de 1 real”, pontuou, ao refutar as acusações de ter enriquecido como “operador”, “laranja” de Geddel.

“O estilo de vida, com o patrimônio que tenho não podem me imputar isso”.

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