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PF apreende R$ 373 mil em espécie na casa de auditora da Receita Federal

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Ela é apontada como cúmplice no esquema que teria favorecido a empresa Paranapanema  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 27/07/2018, às 16h13   Redação BNews


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A Polícia Federal apreendeu nesta quinta-feira (27), em Recife (PE), R$ 373 mil em dinheiro em espécie na casa da ex-conselheira do Carf e auditora da Receita Federal, Mércia Trajano, apontada como cúmplice no esquema que teria favorecido a empresa Paranapanema a se livrar do pagamento de R$ 650 milhões em um processo no tribunal da Receita.

Mércia foi alvo de buscas na 10ª etapa da Zelotes, que teve como principais personagens o economista Roberto Gianetti, ligado ao PSDB, e Daniel Godinho, ex-secretário de Comércio Exterior no governo Dilma. Mércia atuou no caso da Paranapanema, votando favoravelmente à empresa.

A ex-conselheira, que tinha o apelido de “amiga dos memoriais”, trocou mensagens com os investigados Meigan Sack e Vladimir Spíndola sobre o processo em que atuaria no Carf. Meigan e Spíndola receberam cerca de R$ 2,2 milhões da empresa de Giannetti e são investigados sob a suspeita de terem pago propina aos conselheiros que atuaram no caso, entre eles Mércia Trajano.

As investigações apontam que Meigan e Spíndola contavam com a atuação de Mércia para votar favoravelmente à Paranapanema no processo, ainda mais após a sua ascensão à presidência da turma do Carf que julgou o processo em 2013.

Em e-mail de 20 de maio de 2013, Meigan comenta com Spíndola sobre a possibilidade de Mércia assumir a turma e comemora:

“Acho que o cenário vai mudar bastante. Esse processo não sai nem que o Daniel (conselheiro relator do caso no Carf) queira muito, pois a PGFN deve ter em conta o tiro certo que deve dar com ele, tanto na jurisprudência que irá deixar, como a que não terá para recorrer. De qualquer sorte, creio que teremos novo relator e presidente e acho que sei quem pode ser a presidente. A minha amiga! A dos memoriais!”.

A PF também interceptou um e-mail de 26 de abril em que Meigan pede a Mércia para prestar um favor a “um grande amigo”: “Estou te escrevendo porque um grande amigo (e só um grande amigo para me pedir um favor assim, e só sendo uma matéria interessante e só um bom direito) do contrário jamais te pediria para dar uma lida nos memoriais que estou te mandando”, dizia a mensagem.

Em anexo estava um memorial relativo ao processo da Paranapanema. Posteriormente, segundo revelou a investigação, as duas se encontraram em um hotel onde a ex-conselheira do Carf estava hospedada, a suspeita da PF e do MPF é que a reunião serviu para acertar detalhes do suborno pago a Mércia.

Em outra mensagem interceptada pelos investigadores, em abril de 2013, o sócio de Spíndola, Wagner Brito, afirma que Mércia votaria a favor da empresa, o que de fato veio a acontecer no julgamento do caso no Carf. Mércia deixou o tribunal da Receita em 2017, quando venceu seu mandato. O nome de Mércia já havia aparecido em outras etapas da Zelotes por suspeita de envolvimento em fraudes em outros processos do tribunal da Receita.

Na avaliação dos investigadores o montante em espécie apreendido na casa da ex-conselheira é um dos indícios que reforça a tese de que ela recebeu propina.

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