Cármen Lúcia diz que mundo vive mudança “perigosamente conservadora”

A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, afirmou nesta segunda-feira (5) que o mundo está passando por um momento de mudanças que, muitas vezes, se tornam “perigosamente conservadoras”. “As transformações acontecem. O que não pode acontecer nunca é a transformação contrária às liberdades humanas, aos direitos fundamentais”, destacou a ministra ao participar de um evento em Brasília em comemoração aos 30 anos da Constituição Federal, promulgada em 5 de outubro de 1988.

Cármen Lúcia disse que, mesmo que as transformações sejam inevitáveis, a sociedade não deve abrir mão de direitos fundamentais, e sim lutar para colocá-los em prática, como forma de promover justiça e equidade social. Ela citou que um dos avanços verificadas no Brasil desde a promulgação da Constituição foi o fato dos cidadãos passarem a cobrar mais os seus direitos, o que gerou mais trabalho para o Poder Judiciário.

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“Ninguém mais quer abrir mão de seus direitos por não acreditar nas instituições. Quanto mais democracia, mais demanda judicial. Normal. Somos nós que temos que repensar o Poder Judiciário para garantir o acesso à Justiça aos cidadãos que ficaram mais vigilantes com os seus direitos”, avaliou. Atualmente, há cerca de 80 milhões de processos tramitando na Justiça.

A ministra ainda confidenciou que, muitas vezes, fica preocupada com as opções feitas pelo país, embora as respeite como expressão das “escolhas próprias de cidadãos livres”. Mesmo assim, considerou como “perigosamente conservadoras” algumas mudanças que estão em curso em todo o mundo, mas não chegou a especificá-las.