Política

Mourão diz que não deixou filho desistir de promoção no Banco do Brasil

Folha
Antônio Rossell Mourão é funcionário de carreira do Banco do Brasil (BB) há quase 19 anos e atuava havia 11 anos na Diretoria de Agronegócios da estatal   |   Bnews - Divulgação Folha

Publicado em 10/01/2019, às 11h00   Redação BNews



O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse que seu filho, Antônio Hamilton Rossell Mourão, pensou em desistir da promoção para assessor da presidência do Banco do Brasil por causa da repercussão negativa da notícia, mas que ele o convenceu a aceitar o cargo. “Obviamente que ele não está acostumado com isso, ficou chateado, pensou em não aceitar, em renunciar, por causa da repercussão. Eu disse pra ele: ‘Não, meu filho, isso aí é mérito seu e acabou, pô’”, contou o vice-presidente à piauí. Questionado se a possibilidade de o filho renunciar ao cargo está descartada, o general respondeu: “Lógico que sim. Falei pra ele que não, negativo. ‘Isso é uma coisa que é sua, lhe pertence, e acabou.’ Não tem nada demais isso aí”. A informação é da Revista Piauí.

De acordo com a publicação, Antônio Rossell Mourão é funcionário de carreira do Banco do Brasil (BB) há quase 19 anos e atuava havia 11 anos na Diretoria de Agronegócios da estatal, com salário de 12 mil reais. Ao tomar posse, na última segunda-feira, 7 de janeiro, o novo presidente do BB, Rubem Novaes, promoveu Mourão filho a assessor especial da presidência, com salário três vezes maior, de 36 mil reais. Mourão pai relata ter sabido da notícia pelo próprio filho e por Novaes. Para o general, é um equívoco tratar a ascensão do filho como promoção. “Isso não é promoção, né? Tá havendo uma interpretação errada nisso aí. Na realidade ele foi escolhido para ser assessor especial, nomeado pelo presidente. É cargo de livre provimento. É diferente de você sair para diretor, para vice-presidente, aí é uma ascensão.”

E o ditado da mulher de César – aquela que não basta ser honesta, precisa também parecer honesta –, não deveria ter sido aplicado neste caso? Mourão discorda. “Eu não tenho nada a ver com isso. Em primeiro lugar, o Banco do Brasil é uma sociedade anônima. Segundo lugar, não fui eu quem nomeei. Nepotismo seria se eu tivesse nomeado. Vamos olhar bem o que significa o termo nepotismo. Eu não tenho influência nisso aí, pô. E se fosse um dirigente de um governo petista que tivesse um filho promovido, qual teria sido a reação do general? “Mas já houve ene casos, eu nunca me manifestei a esse respeito.”

Segundo o vice-presidente, a repercussão se deve ao “sindicalismo do Banco do Brasil, que fica criando caso à toa”. “Isso está sendo tratado de uma forma que não é pra ser tratada. Se ele tivesse sido nomeado ministro ou meu chefe de gabinete, aí poderia ter toda essa celeuma. O problema que está em evidência não é o cargo em si, é o salário”. Mourão relatou que no ano passado o filho era o primeiro da fila para uma promoção, mas não foi contemplado. “Então quando o vento era contra, o cara se lasca. Quando o vento é a favor, ele tem que se lascar também?”, indagou Mourão. O general fez questão de detalhar o que viu como obstáculos na trajetória do filho. “A carga horária de bancário é de seis horas, e no Banco do Brasil o pessoal trabalhava oito horas. Durante muitos anos o banco ficou fazendo uma provisão, para a hora que os sindicatos questionassem. Aí fizeram um acordo coletivo e, no caso específico do Toninho, disseram que se ele quisesse concorrer a promoções teria de sair de oito horas para seis horas. Ao sair de oito horas para seis, ele perdeu 25% do salário”, afirmou o vice.

Mourão disse que não tocou no assunto com o presidente Jair Bolsonaro. “Nada, imagina, pelo amor de Deus, né?”. Chamou de “intrigas palacianas” notícias de que teria sido repreendido pelo chefe.

Na rede interna de mensagens do BB, funcionários têm criticado a medida do presidente do banco. Em nota, o presidente do BB disse que o filho do vice-presidente da República tem “excelente formação e capacidade técnica”. “Antônio é de minha absoluta confiança e foi escolhido para minha assessoria, e nela continuará, em função de sua competência. O que é de se estranhar é que não tenha, no passado, alcançado postos mais destacados no Banco”, escreveu Rubem Novaes.

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