Política

Pedagogo vê com preocupação casos de incitação ao ódio relacionados ao colégio Antônio Vieira

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Para Danilo Barbosa, o caso deve ser visto com preocupação e encarado duramente pela direção da instituição de ensino  |   Bnews - Divulgação BNews

Publicado em 25/07/2019, às 20h47   Henrique Brinco


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O Colégio Antônio Vieira tem se envolvido em diversas polêmicas nos últimos tempos. A mais recente delas foi uma atividade escolar, intitulada "MICO", que levou quatro estudantes a montarem uma cena em que os ex-presidentes Lula e Dilma e o professor Fernando Haddad sendo executados pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Para o pedagogo baiano Danilo Barbosa, o caso deve ser visto com preocupação e encarado duramente pela direção da instituição de ensino. "Em uma situação como essa, eu como coordenador me reuniria com a cúpula da escola para entender o que está acontecendo. Estamos vivendo um momento de polarização. A escola não é uma bolha", avalia em entrevista ao BNews.

"Do ponto de vista educacional, o primeiro ponto é conversar na escola. Em seguida, conversar com os alunos e promover uma atividade interdisciplinar para discutir o valor da vida humana. Acredito que o que está em jogo no Brasil hoje em dia é o valor da vida humana. Acredito que promover esse tipo de debate na escola", completa.

Em janeiro, o colégio também se envolveu em um caso de incitação ao ódio quando um pai de aluno postou nas redes sociais uma crítica ao livro “Na minha pele”, do escritor, diretor e ator Lazaro Ramos, utilizado em turmas da 1ª série do Ensino Médio da instituição. Ele chamou a obra de lixo e escreveu que "mandar o seu filho ao colégio é uma forma de destruí-lo". Em novembro do ano passado, alunos trocaram mensagens de incitação ao ódio no WhatsApp contra membros do corpo docente da escola.

Indagado sobre a participação dos pais dos alunos nos episódios, Danilo lembra que a escola é soberana na decisão final sobre o destino dos envolvidos nesses casos. "É uma situação complicada, porque existe uma situação muito tênue do que é educação escolar e familiar. Você não sabe estabelecer o limite. Num caso como esse, já que os pais entendem que essa situação é normal, tem que ir para o regimento escolar. Tem que ver o que é que o regimento escolar fala", destaca.

"Duvido muito que um regimento como o do Antonio Vieira vá prever que isso vai acontecer. Nesse caso, se os pais já acham isso normal, tem que entrar com esse regimento e dizer que pessoas com esses valores não merecem estar na instituição", avalia. 

Mais cedo, procurada pelo BNews, a assessoria de imprensa do Colégio Antônio Vieira informou que a atividade "MICO" foi de integração da 3ª série do ensino médio. São alunos que vão fazer vestibular e Enem. 

"Desde o primeiro momento a escola orientou aos alunos não trazerem nenhum tipo de posicionamento político-partidário para essa atividade. Os alunos, que não vão fantasiados para a escola, esperaram o momento de arrumação das roupas e fizeram a foto", explica o Colégio, afirmando que os alunos só entram na unidade de ensino com o fardamento padrão.

Ainda segundo o Vieira, as famílias dos alunos foram acionadas e devem comparecer na escola para reportar esse fato e tomar as atitudes cabíveis.

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