Política

Filho de Bolsonaro entra em disputa bilionária de donos da JBS

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A Paper Excellence enfrenta uma arbitragem privada pelo controle da empresa contra a sócia J&F  |   Bnews - Divulgação Arquivo/ Agência Brasil

Publicado em 31/07/2019, às 05h35   Folhapress e Veja


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Candidato a embaixador nos Estados Unidos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) se envolveu indiretamente nesta terça-feira (30) em uma disputa empresarial bilionária. O filho do presidente Jair Bolsonaro publicou em suas redes sociais uma foto ao lado de Jackson Widijaja, dono da Paper Excellence, segurando um "checão" simbólico de R$ 31 bilhões.

O encontro aconteceu durante um jantar em Jacarta, capital da Indonésia. Eduardo viajou de férias para o país durante o recesso parlamentar para surfar.

O valor se refere ao investimento que a Paper Excellence pretende fazer na aquisição da fábrica de celulose da Eldorado, em Três Lagoas (MS), e em melhorias previstas para a unidade até 2022. O encontro de Eduardo com o empresário indonésio ocorre um dia depois de o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciar investimento bilionário para o setor de uma outra empresa concorrente.

O problema é que, sem saber, o candidato a embaixador repetiu o vice Hamilton Mourão e acabou se envolvendo numa sangrenta briga empresarial que mobiliza exércitos de consultores, lobistas e até arapongas entre a multinacional Paper Excellence, de Widjaja, e o grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista.

A Paper é sócia da J&F na empresa Eldorado Brasil e briga na Justiça pelo controle da companhia. Pela negociação original, a empresa de Widjaja comprou a companhia por 15 bilhões de reais, mas só conseguiu pagar o equivalente a 49% da Eldorado. Ela tinha um ano para concluir a compra dos outros 51% dos Batista, mas o dinheiro não apareceu.

O prazo venceu em setembro do ano passado sem o pagamento restante. A família Batista permaneceu com o controle da Eldorado. A Paper alegou que não concluiu o pagamento do restante porque, para isso, seria necessário que a J&F liberasse garantias da dívida da Eldorado. O caso virou uma guerra de acusações de ambos os lados.

A indústria de celulose Bracell, que pertence ao grupo RGE, do empresário também indonésio Sukanto Tanoto, fará investimento de R$ 7,5 bilhões na ampliação de uma fábrica da empresa em Lençóis Paulista (SP). Em relação a Eldorado, o problema é que o negócio ainda não foi concretizado.

Sem entrar em detalhes, Eduardo comenta no post sobre a disputa e lembra que o BNDES tem participação no frigorífico JBS, o principal negócio dos Batista. Ele afirma ainda que o investimento dos indonésios na Eldorado só é possível, porque "o Brasil está deixando de ser o país da corrupção e do socialismo".

Em 2017, os irmãos Joesley e Wesley fizeram uma colaboração premiada confessando ter corrompido diversos políticos. A delação premiada da JBS quase derrubou o então presidente Michel Temer (MDB). Não é a primeira vez que a Paper Excellence tenta atrair o apoio do governo Jair Bolsonaro.

Em maio, o vice-presidente Hamilton Mourão já havia posado para foto similar com Jackson Widijaja. Os dois também seguravam um "checão", mas com valor menor: R$ 27 bilhões.

O vice-presidente conheceu o empresário quando visitou a bolsa de Xangai em viagem oficial a China. Segundo assessores que acompanharam Mourão, Widijaja "forçou" a foto, pois não havia sido recebido em audiência.

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