Política

Witzel vai assumir sambódromo da Sapucaí de Crivella

Tânia Rêgo/Agência Brasil
Sambódromo era questão aberta entre governador e prefeito  |   Bnews - Divulgação Tânia Rêgo/Agência Brasil

Publicado em 01/11/2019, às 18h00   Folhapress


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Após meses de incertezas, o prefeito carioca Marcelo Crivella (PRB) e o governador fluminense Wilson Witzel (PSC) finalmente se acertaram: a gestão do sambódromo da Marquês de Sapucaí vai passar para as mãos do estado.Ambas as administrações anunciaram nesta sexta (1º) que fecharam um acordo para a transferência da avenida já antes do Carnaval de 2020. Witzel havia manifestado o interesse em julho, mas no início de outubro a prefeitura disse ter descartado a possibilidade. Agora, acharam um meio-termo.O pano de fundo dos debates é, de um lado, um prefeito com fama de inimigo do Carnaval por ser evangélico, já que nunca foi a um desfile e extinguiu as verbas das escolas de samba –reputação que Crivella nega. Do outro, um governador que vem se aproximando do mundo do samba já de olho no Palácio do Planalto. 

O termo de cessão será assinado na próxima semana, com três anos de duração. Mas ele não mexe na gestão da festa em si, que é da prefeitura por lei municipal: "A administração do Carnaval carioca será de responsabilidade exclusiva, direta e intransferível da prefeitura da cidade", diz a norma.O acordo foi a forma que eles encontraram para driblar essa lei e ajustar os interesses de ambas as partes. Em troca da cessão, a gestão Witzel vai ressarcir a gestão Crivella por obras de segurança no sambódromo exigidas pelo Corpo de Bombeiros.A folia por pouco não foi cancelada neste ano por um pedido de interdição do Ministério Público do Rio, que alegou que a avenida não possuía a autorização do órgão para funcionar.
Como não ia dar tempo de o estado fazer uma nova licitação até o próximo Carnaval, eles combinaram que as empresas contratadas pela prefeitura já vão começar as mudanças na próxima semana, com o aval da Promotoria e da Justiça, e depois o governo ressarcirá o município.

As alterações estão previstas para o fim de janeiro e incluem melhorias nas arquibancadas, sistemas elétrico e pluvial, gradeamento e combate a incêndio e pânico. 
Elas vão custar R$ 8,1 milhões e serão pagas com as economias da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio) –todo ano o governo do estado destina parte de seu orçamento para o Legislativo, e o que não é usado é devolvido.Esse dinheiro, porém, não inclui obras maiores que vão ficar para o ano que vem, como o alargamento de saídas de emergência da avenida.
A única parte do sambódromo que não vai passar para as mãos de Witzel é o setor 11, espaço tradicionalmente da prefeitura onde a Riotur, empresa municipal responsável pelo evento, pretende receber turistas em 2020, com apresentações e uma espécie de museu do Carnaval.

Esse acordo para a transferência do sambódromo foi definido junto a um outro convênio entre as gestões Crivella e Witzel, para resolver uma rusga antiga que as duas esferas tinham na área da saúde.O estado prometeu repassar R$ 57 milhões para investimentos e, durante um ano, mais R$ 6 milhões mensais para custeio aos hospitais Albert Schweitzer e Rocha Faria, na zona oeste da capital fluminense, que foram municipalizados em 2016.

Incertezas no Carnaval da avenida O Carnaval da Sapucaí tem passado por incertezas desde o início da gestão Crivella, em 2017. Ele reduziu as verbas das escolas de samba a um quarto do que foi destinado pelo seu antecessor, Eduardo Paes (DEM), e neste ano resolveu retirá-las por completo.
O prefeito tem dito que a festa "é um bebê parrudo que precisa ser desmamado e andar com as próprias pernas", ou seja, deve ser custeado apenas com recursos privados, já que cobra ingressos da plateia.

Com isso, ainda é incerto quem vai ser responsável pelos gastos com serviços como limpeza, segurança, iluminação e atendimento médico, antes pagos pelo município. A ideia é que fossem os próprios organizadores, mas as ligas de agremiações estão com dificuldades para conseguir patrocínio.Também não está certa ainda a situação do Grupo de Acesso, aquele que desfila sempre na sexta-feira e no sábado do feriado. A Lierj, liga que reúne essas escolas, chegou a propor à prefeitura deixar de cobrar a entrada para continuar recebendo o subsídio municipal, equivalente a metade das suas receitas.
Já a terceira divisão, cujos desfiles acontecem todo ano gratuitamente na avenida Intendente Magalhães (zona norte), se deu bem. Crivella decidiu triplicar as verbas do grupo neste ano: "São o verdadeiro Carnaval do povo", disse o prefeito.


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