Política

STF quis traçar linha ao repreender Guedes; mercado desconfia de tentativa de impor reformas sob caos

Agência Brasil
No STF, a reação de Dias Toffoli foi lida como recado de que tal ideia não pode habitar cabeças que aspiram credibilidade  |   Bnews - Divulgação Agência Brasil

Publicado em 27/11/2019, às 08h25   Daniela Lima; Painel, Folha



Paulo Guedes chamou a atenção de investidores, do Supremo e do Congresso com a fala sobre o AI-5. Floresceu no primeiro grupo avaliação de que, ao perceber que não terá força para aprovar seu programa, o governo tentará criar uma crise para ampliar poderes para além dos limites constitucionais. No STF, a reação de Dias Toffoli foi lida como recado de que tal ideia não pode habitar cabeças que aspiram credibilidade. A conclusão de políticos pode ser resumida assim: “Ele é um ‘olavete’”.

A analistas, investidores pontuaram que o ministro da Economia decidiu afirmar que “ninguém deve se assustar” se sugerirem um AI-5 como resposta a protestos logo após sofrer derrota pública: o adiamento da reforma administrativa por interferência direta de Jair Bolsonaro.

Investidores também dizem que a insistência de aliados do governo em relativizar atos de exceção não só cristaliza a imagem de que o Brasil é um país instável como irrita o Congresso num momento em que os negócios esperam ansiosamente pelo “dia seguinte” da reforma da Previdência.

Nomes do mercado também pontuaram que a herança deixada por Michel Temer na área econômica se esgotou —e o último espólio foi o leilão do pré-sal.

Apesar do barulho, a equipe econômica mantém aspiração de aprovar a autonomia do Banco Central ainda este ano, além de lançar quatro ações: as reformas administrativa e tributária e as propostas que aceleram privatizações e a venda de imóveis estatais. Aliados de Guedes também negaram indisposição com o Congresso.

Integrantes do STF disseram que a reação de Toffoli, presidente da corte, evidenciou a diferença do impacto da fala do ministro responsável pela área econômica, que se comunica com o mercado —e fala em nome dele e para ele—, e a de um filho do presidente, como Eduardo.

Apesar do parentesco, explicaram ministros, Eduardo é “um entre 513 deputados”. Guedes, não.

Na Câmara, até aliados que reclamaram de “exageros da imprensa” na repercussão do episódio disseram que o ministro “cometeu uma idiotice e atrapalhou o governo”.

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