Política

Dias Toffoli: Lava-Jato foi muito importante, mas destruiu empresas

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Presidente do STF elogiou operação no combate à corrupção, porém reconhece consequências ao país  |   Bnews - Divulgação José Cruz/Agência Brasil

Publicado em 16/12/2019, às 15h34   Redação BNews


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O ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou em entrevista ao Estadão, que apesar da relevância da Lava-Jato para colocar corruptos na cadeia, a operação terminou por causar a destruição de "empresas" brasileiras.

"A Lava-Jato foi muito importante, desvendou casos de corrupção, colocou pessoas na cadeia, colocou o Brasil numa outra dimensão do ponto de vista do combate à corrupção, não há dúvida. Mas destruiu empresas. Isso jamais aconteceria nos Estados Unidos. Jamais aconteceu na Alemanha", disse o ministro.

O presidente citou ainda o caso da prisão dos desembargadores do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), investigados pela Operação Faroeste. Segundo ele, o trabalho não teria sido bem sucedido se dependesse do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

"Veja agora a prisão dos desembargadores [do Tribunal de Justiça da Bahia]. Porque o trabalho na Bahia é feito pelo Superior Tribunal de Justiça e pelo Conselho Nacional de Justiça.  Veja se o Conselho Nacional do Ministério Público fazia isso, até pouco tempo. O Judiciário trabalha com muita transparência. O Ministério Público deveria ser uma instituição mais transparente", salienta.

Toffoli rebateu também as críticas de que a prisão exclusivamente após o trânsito em julgado, como prevê o texto da Constituição, atrapalha o combate à corrupção. A tese foi defendida pelo ministro da Justiça Sergio Moro, que afirmou que a decisão do STF diminui a percepção da sociedade de que o Estado tem agido para reduzir o problema.

"Isso não tem o menor sentido. O STF julgou o 'mensalão', condenou várias autoridades, vários empresários, inclusive banqueiro. Foi dali que começou todo esse trabalho de combate à corrupção, e (tiveram início) os projetos de lei que levaram a esse arcabouço jurídico, às normas de lei de combate ao crime organizado. Então, o Supremo está firme no combate à corrupção. Não é uma decisão que faz cumprir a Constituição que vai surtir efeito numa percepção quanto à corrupção", garante.

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