Política

"Espero que ela lute para resgatar o Carnaval", diz Carballal após crítica de Daniela Mercury

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No Festival Virada Salvador, cantora lembrou projeto para proibir "Arrastão"  |   Bnews - Divulgação BNews/Roberto Viana

Publicado em 03/01/2020, às 17h01   Henrique Brinco


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A cantora Daniela Mercury fez uma apresentação em tom político no Festival Virada Salvador 2020, no dia 1º de janeiro. Ela lembrou, no palco, o projeto de lei de autoria do vereador Henrique Carballal (PV) para proibir o Arrastão na Quarta-Feira de Cinzas. Em seguida, cantou a música "Proibido o Carnaval", que tem letra a favor da diversidade e contra a censura.

Procurado pelo BNews, o edil comentou a atitude da cantora. "Daniela é uma excelente artista e tem uma história que devemos respeitar. Mas o projeto não proibia o Carnaval e sim estabelecia seu verdadeiro sentido", respondeu, para a reportagem. 

"Espero que ela lute para resgatar o Carnaval que vem se definhando principalmente no Campo Grande. Estão proibindo sim o carnaval para o povo com seu esvaziamento. Agora com a nova lei, que paguem as taxas e sem recursos públicos vamos ver o que acontece", completou o edil.

Entenda o caso
O projeto foi aprovado na Câmara de Vereadores em setembro do ano passado, mas acabou sendo vetado pelo prefeito ACM Neto (DEM). A proibição pretendia pôr fim dos festejos pós programação oficial do Carnaval, entre as 5h às 23h59, em locais públicos. Carballal usou a justificativa religiosa do assunto por desrespeitar o início da Quaresma, um dos momentos mais importantes do rito cristão, principalmente o Católico. Quem descumprisse a medida poderia ser multado.

Já o prefeito alegou que a Procuradoria-Geral do Município deu parecer jurídico contrário a matéria. Na justificativa, ressaltou que o Estado é "laico" e lembrou a "igualdade de todos perante a lei". E alegou que a Prefeitura não realiza a festa. 

O vereador rebateu e questionou o argumento. "Quem é que paga os trios elétricos que tocam no arrastão?", questiona. Ele também ameaçou entrar com uma ação no Ministério Público da Bahia para avaliar os eventuais "crimes de responsabilidade" pela realização do evento.

Carballal conclamou todos os líderes religiosos para derrubar o veto e dizia contar com o apoio da bancada evangélica da Câmara Municipal.  Dos 22 votos necessários, ele afirmava já ter 18. O vereador também rebateu o argumento de que o projeto fere a laicidade do Estado. "Se abriu um precedente perigoso, porque o prefeito está declarando que todos os feriados religiosos (são inconstitucionais)", alfinetou, na ocasião.

No final do ano passado, Carballal e Neto entraram em um acordo intermediado pelo presidente da Câmara Municipal de Salvador, Geraldo Júnior (SD). Ele apresentou um novo projeto que trata do financiamento da festa. Pela proposta, a prefeitura ficará impedida de investir qualquer no evento - que deverá ser custeado exclusivamente pelos realizadores do desfile, que acontece tradicionalmente após o Carnaval.

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