Política

Alcolumbre se reúne com Bolsonaro e critica ataque de ministro ao Congresso

Marcos Oliveira/Agência Senado
"Essas atitudes não serão mais toleradas. O Congresso é independente e não aceitará ataques à democracia", afirmou o presidente do Senado  |   Bnews - Divulgação Marcos Oliveira/Agência Senado

Publicado em 02/03/2020, às 21h07   Folhapress


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O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, se encontrou pela primeira vez com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), na tarde desta segunda-feira (2), desde quando as críticas do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, ao Congresso se tornaram públicas.

Segundo informação da TV Globo, o objetivo do Senado foi "externar o descontentamento com o ministro e com ataques ao Congresso. "Essas atitudes não serão mais toleradas. O Congresso é independente e não aceitará ataques à democracia", afirmou.

Cerca de duas semanas atrás, o general Augusto Heleno conclamou o governo a não ficar "acuado" pelo Congresso Nacional e pediu para o presidente "convocar o povo às ruas". "Não podemos aceitar esses caras chantageando a gente. Foda-se", afirmou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos. A declaração estava em um áudio captado em uma live, em que ele dizia não ser aceitável o Poder Legislativo avançar sobre os recursos do Executivo.

Na época, Alcolumbre já havia reagido à fala do general dizendo se tratar de um "ataque democracia". "Nenhum ataque à democracia será tolerado pelo Parlamento, mais do que nunca. O Congresso Nacional seguirá cumprindo com as suas obrigações", afirmou ele.

O Plenário do Senado analisa, ainda, um pedido de convocação para que o ministro Augusto Heleno dê explicações sobre críticas que fez ao Congresso. O requerimento de convocação foi protocolado no mesmo dia em que o áudio se tornou público, pelo líder do PT, senador Rogério Carvalho (SE).

Manifestações
A manifestação de grupos de direita pró-Bolsonaro, marcada para o dia 15 de março, é uma reação à fala do general e ministro Augusto Heleno. O ato já estava marcado desde janeiro, mas acabou mudando de pauta para apoio a Bolsonaro e encorpando insinuações autoritárias após Heleno atacar o Congresso.

O presidente Bolsonaro tem distribuído nos bastidores mensagens de apoio às manifestações. A iniciativa, porém, já tem gerado repúdio entre políticos e ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

Vetos ao Orçamento
Ainda durante o encontro, Alcolumbre também reclamou da questão dos vetos ao Orçamento -Planalto e o Congresso Nacional disputam pelo controle de R$ 30 bilhões do Orçamento. Após um acordo costurado pelo ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, parlamentares cederam e aceitaram devolver R$ 11 bilhões para o controle do Executivo. Líderes do Congresso também aceitaram em deixar de fora da lei o prazo de 90 dias e a previsão de punição.

Mesmo assim, o acordo foi criticado internamente por integrantes do governo. A crise eclodiu quando o ministro Augusto Heleno acusou o Legislativo de "chantagear" o governo por recursos. No encontro com Bolsonaro, Alcolumbre questionou o fato de ministros terem fechado um acordo com o Congresso e não terem comunicado ao presidente.

O aumento do poder de deputados e senadores na destinação de verbas é uma das reclamações dos manifestantes que pretendem fazer ato no próximo dia 15.

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