Política

Ditadura Militar "é um marco para a democracia brasileira", diz Ministério da Defesa

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Golpe de 64 foi importante "mais pelo que ele evitou", defendeu o líder da pasta, o general da reserva Fernando Azevedo  |   Bnews - Divulgação Antonio Cruz/Agência Brasil

Publicado em 31/03/2020, às 08h31   Redação BNews


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Em ordem alusiva ao Golpe de 64, o Ministério da Defesa afirmou que a Ditadura Militar é "um marco para a democracia brasileira".

O líder da pasta, o general da reserva Fernando Azevedo, que assinou a ordem junto com comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, reforçou que o regime foi importante "mais pelo que ele evitou".

No ano passado, o primeiro do governo de Jair Bolsonaro, o tom em defesa da ditadura foi mais ameno. Este ano, ficou ainda mais evidente à simpatia ao regime autoritário que vigorou por mais de 20 anos no país.

"As Forças Armadas acompanharam as mudanças e estão submetidas ao regramento democrático com o propósito de manter a paz e a estabilidade", diz o texto."O entendimento de fatos históricos apenas faz sentido quando apreciados no contexto em que se encontram inseridos", completa.

Sem citar o temor da invasão comunista por meio da eleição de João Goulart, o documento contextualiza a partir da Guerra Fria, evidenciando a disputa pelo protagonismo mundial entre Estados Unidos e união Soviética.

A Defesa alega no texto que diferentes setores da "sociedade brasileira" da época se uniram contra as reais "ameaças".

Leia a nota na íntegra:

Ordem do Dia Alusiva ao 31 de Março de 1964

Brasília, DF, 31 de março de 2020.

O Movimento de 1964 é um marco para a democracia brasileira. O Brasil reagiu com determinação às ameaças que se formavam àquela época.

O entendimento de fatos históricos apenas faz sentido quando apreciados no contexto em que se encontram inseridos. O início do século XX foi marcado por duas guerras mundiais em consequência dos desequilíbrios de poder na Europa. Ao mesmo tempo, ideologias totalitárias em ambos os extremos do espectro ideológico ameaçavam as liberdades e as democracias. O nazifascismo foi vencido na Segunda Guerra Mundial com a participação do Brasil nos campos de batalha da Europa e do Atlântico. Mas, enquanto a humanidade tratava os traumas do pós-guerra, outras ameaças buscavam espaços para, novamente, impor regimes totalitários.

Naquele período convulsionado, o ambiente da Guerra Fria penetrava no Brasil. Ingredientes utópicos embalavam sonhos com promessas de igualdades fáceis e liberdades mágicas, engodos que atraíam até os bem-intencionados. As instituições se moveram para sustentar a democracia, diante das pressões de grupos que lutavam pelo poder. As instabilidades e os conflitos recrudesciam e se disseminavam sem controle.

A sociedade brasileira, os empresários e a imprensa entenderam as ameaças daquele momento, se aliaram e reagiram. As Forças Armadas assumiram a responsabilidade de conter aquela escalada, com todos os desgastes previsíveis.

Aquele foi um período em que o Brasil estava pronto para transformar em prosperidade o seu potencial de riquezas. Faltava a inspiração e um sentido de futuro. Esse caminho foi indicado. Os brasileiros escolheram. Entregaram-se à construção do seu País e passaram a aproveitar as oportunidades que eles mesmos criavam. O Brasil cresceu até alcançar a posição de oitava economia do mundo.

A Lei da Anistia de 1979 permitiu um pacto de pacificação. Um acordo político e social que determinou os rumos que ainda são seguidos, enriquecidos com os aprendizados daqueles tempos difíceis.

O Brasil evoluiu, tornou-se mais complexo, mais diversificado e com outros desafios. As instituições foram regeneradas e fortalecidas e assim estabeleceram limites apropriados à prática da democracia. A convergência foi adotada como método para construir a convivência coletiva civilizada. Hoje, os brasileiros vivem o pleno exercício da liberdade e podem continuar a fazer suas escolhas.

As Forças Armadas acompanharam essas mudanças. A Marinha, o Exército e a Aeronáutica, como instituições nacionais permanentes e regulares, continuam a cumprir sua missão constitucional e estão submetidas ao regramento democrático com o propósito de manter a paz e a estabilidade.

Os países que cederam às promessas de sonhos utópicos, ainda lutam para recuperar a liberdade, a prosperidade, as desigualdades e a civilidade que rege as nações livres.

O Movimento de 1964 é um marco para a democracia brasileira. Muito mais pelo que evitou.

Fernando Azevedo e Silva - Ministro da Defesa

Ilques Barbosa Junior - Comandante da Marinha

Edson Leal Pujol - Comandante do Exército

Antônio Bermudez - Comandante da Aeronáutica


Classificação Indicativa: Livre

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