Política

59% são contra renúncia de Bolsonaro, aponta pesquisa nacional do Datafolha

Agência Brasil
Outros 37% desejam renúncia em meio à pandemia de coronavírus  |   Bnews - Divulgação Agência Brasil

Publicado em 05/04/2020, às 10h58   Folhapress


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A renúncia do presidente Jair Bolsonaro em meio à sua atuação no combate à Covid-19 é rejeitada por 59% dos brasileiros.

Já 37% desejam que ele renuncie, conforme vem sendo pedido por políticos de oposição, e 4% não sabem dizer. Foi o que apurou pesquisa do Datafolha com 1.511 entrevistados, feita por telefone de 1º a 3 de abril. A margem de erro é de três pontos.

Apesar de o levantamento apontar que apenas 33% dos ouvidos consideram a gestão da crise sanitária pelo presidente da República como boa ou ótima, 52% creem que ele tem condições de seguir liderando o país.

Para 44%, Bolsonaro perdeu tais condições, e 4% não souberam responder.

O tema renúncia passou a frequentar as conversas no mundo político desde que o presidente adotou um tom negacionista e de confronto com o Ministério da Saúde e governadores na condução da emergência.

Um grupo de políticos de oposição à esquerda —incluindo os ex-presidenciáveis Fernando Haddad (PT-SP), Ciro Gomes (PDT-CE) e Guilherme Boulos (PSOL-SP)— lançou na semana passada manifesto pedindo a renúncia de Bolsonaro, o que ele negou.

"Da minha parte, a palavra renúncia não existe. Eu fico feliz até por estar na frente [do combate] a um problema grande como esse. Fico pensando como estaria o outro que ficou em segundo lugar [Fernando Haddad] no meu lugar aqui", afirmou.

A pesquisa Datafolha mostra que a renúncia do presidente tem maior apoio entre jovens (44%), mulheres (42%), os que têm até o ensino fundamental (40%) e quem tem renda mensal acima de 10 salários mínimos (39%).

Já a rejeição ao gesto tem maior apelo entre quem ganha de 5 a 10 mínimos (69%), homens (65%) e quem ganha de 2 a 5 mínimos (64%).

A região Nordeste segue a tendência geral do levantamento e registra o maior índice de apoiadores da renúncia de Bolsonaro: 47%, ante 49% contrários à ideia.

Já o Sul, região bolsonarista na eleição, vem com 28% de apoio à renúncia. Norte e Centro-Oeste registram 30% e o Sudeste, 37%.

A divisão se mantém quando a pergunta é sobre a capacidade de liderança do presidente da República. Bolsonaro é visto como capaz por 62% no Sul, 60% no Norte/Centro-Oeste, 49% no Sudeste e 47% no Nordeste —onde empata com os que o acham incapaz (49%).

A Covid-19 é tema de contencioso entre o Planalto e os estados, mas não há uma mudança abrupta de percepções sobre Bolsonaro entre aqueles que melhor avaliam o trabalho de seus governadores.

Entre as ocupações, empresários e estudantes estão em polos opostos. Para 74% dos primeiros, Bolsonaro não deve renunciar; pensam que ele deve 52% dos segundos.

Estudantes são os que mais acham que o presidente perdeu condições de liderar (57%), enquanto empresários são os que mais o veem como capaz (65%).

Entre os mais ricos, há um empate acerca da imagem de liderança do presidente. A avaliação positiva é maior entre os mais velhos (59%) e com renda entre 5 e 10 mínimos (62%).

Na sua tradicional base de apoio, os evangélicos, Bolsonaro pontua melhor do que na média. Não querem a renúncia 64% deles, e 60% acham que o presidente ainda reúne condições de governar.

O temor da Covid-19 também impacta a avaliação. Creem que Bolsonaro segue apto ao cargo 66% dos que não têm medo da doença, índice que cai a 57% entre os que têm um pouco de medo e para 38% entre quem tem muito medo.

Da mesma forma, 48% dos que têm muito medo defendem a renúncia, ante 32% dos que têm um pouco e de 28%, dos que não sentem temor.

A título ilustrativo, na mesma altura de seu segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff (PT) tinha sua renúncia pedida por 60%, ante 37% que a queriam no cargo em abril de 2016.

Os dados não são diretamente comparáveis porque aquela pesquisa foi presencial, com outra metodologia.

A crise era de outra natureza também. Naquele ponto, Dilma estava a dias de sofrer a abertura do processo de impeachment e ser afastada, o que ocorreu em maio.

Já seu sucessor, Michel Temer (MDB), teve a cadeira pedida por 76% dos ouvidos em junho de 2017, sob o impacto do escândalo das gravações do empresário Joesley Batista. Mas ao fim ele conseguiu passar a faixa a Bolsonaro.

O Datafolha também questionou o grau de conhecimento das pessoas acerca do pronunciamento do presidente em rede nacional na última terça-feira (31), no qual ele tentou moderar seu tom negacionista da crise.

Viram a fala de Bolsonaro 57% dos brasileiros. Desses, 23% acham que ela ajudou a gestão da crise, 26% não viram nem vantagem nem desvantagem, e 5% creem que ela atrapalhou.

Os mais instruídos e ricos foram os que mais viram: 78%, e também são os que mais a aprovaram como positiva: 35% e 38%, respectivamente.

Classificação Indicativa: Livre

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