Política

Ameaça continua: 130 estivadores do Porto de Salvador continuam à “deriva”

Gilberto Júnior \\ Roberto Viana
Com o futuro incerto, os trabalhadores buscam a Justiça para continuar com o trabalho avulso  |   Bnews - Divulgação Gilberto Júnior \\ Roberto Viana

Publicado em 28/12/2011, às 06h45   Juliana Rodrigues


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As mudanças trazidas pela Tecon Salvador, empresa concessionária do porto da cidade, têm tirado o sono de muitos estivadores. Com a chegada de três novos portêineres da China, que prometem modernizar e agilizar o serviço no porto, além de tempo, a empresa também irá economizar mão de obra, passando a utilizar apenas 50 dos 180 estivadores que prestam serviço avulso no local. Para concretizar as modificações, a Tecon lançou um edital no mês outubro para recrutar trabalhadores portuários com vínculo empregatícios, oferecendo um piso salarial de R$2.550, assistência médica, participação nos lucros e transporte.  

Embora as mudanças pareçam beneficiar a categoria, os estivadores apresentam perdas mais significantes, e sem dúvida a maior delas é a redução da área de atuação no mercado de trabalho, já que a Tecon é a responsável pela maioria dos embarques e desembarques de contêineres na cidade, além contratação de trabalhadores.

Além de se sentirem pressionados com as mudanças, os estivadores não escondem a preferência pelo trabalho avulso. “É injusto, 50 homens vão ter 3 navios para trabalhar, 6 por embarcação, agora o resto dos estivadores vão ter que disputar um só, isso tudo em um sistema de escala. Vai ter gente ai que vai ficar em casa um mês esperando sua vez”, afirmou um estivador que preferiu não se identificar.

Angustiados e se sentindo à deriva, os estivadores realizaram uma assembleia nesta terça-feira (27), na sede do Sindicato dos Estivadores e dos Trabalhadores em Estiva e Minérios de Salvador, onde discutiram com a categoria e o presidente da Federação Nacional de Estivadores, Wilton Ferreira, novos rumos para negociação. Na ocasião, questionado pelos trabalhadores portuários, o presidente do sindicato Ivan Pedro, alegou ter assinado o contrato sob coação, além de denominar como nefasto o acordo. “É injusto, nem todos serão beneficiados, hoje são 28 que já trabalham nesse regime, mas tem o restante”, ressaltou. Como forma de amenizar a situação, a empresa ofereceu uma quantia de R$56 mil para ser repartida entre os trabalhadores como uma espécie de indenização.

“Não tem cabimento aceitar isso. Enchemos a barriga agora e mais tarde vamos chorar arrependidos”, declarou o presidente da federação Wilton Ferreira. Além de ressaltar os 112 anos de luta histórica da categoria, Wilton deixou claro a posição dos estivadores: “Vamos entrar com uma ação anulatória no Ministério Público, e tentar uma liminar para acabar com o acordo. Acredito na união da categoria. Temos chances de reverter a situação”. Caso o resultado da justiça não favoreça os trabalhadores, o presidente já sabe o que fazer. “Vamos nos mobilizar e se for necessário faremos uma paralisação nacional”, concluiu.

Fotos: Gilberto Júnior \\ Roberto Viana
Matéria publicada às 14h do dia 27


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