Política

Ex-coordenador da Lava-Jato diz que Moro está sendo “empurrado” para a política

Reprodução/Procuradoria da República no Paraná
“Estamos vivenciando o mesmo erro que levou o Bolsonaro à Presidência”, compara o procurador aposentado Carlos Fernando dos Santos Lima  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Procuradoria da República no Paraná

Publicado em 26/04/2020, às 11h52   Redação BNews


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O procurador da República aposentado, e Coordenador da força-tarefa da Lava-Jato entre 2014 e 2018, Carlos Fernando dos Santos Lima, acredita que o ex-minsitro Segio Moro foi “empurrado” para a política contra sua vontade, e que se surpreendeu por Moro não ter desembarcado do governo antes do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

"Creio que ele se sentiu sendo manietado nesse ano e pouco que ficou lá, mas ainda tentava fazer alguma coisa boa. Chegou um momento em que não havia mais ambiente para isso", disse em entrevista publicada pelo jornal O Globo neste domingo (26).

Na avaliação dele, estão "empurrando" Moro para a política - e isso representaria uma reincidência do mesmo erro que levou Bolsonaro - em quem o próprio Santos Lima assume ter votado no segundo semestre de 2018 - à presidência. O ex-ministro escolheu deixar a titularidade da 13ª Vara Federal de Curitiba, e a magistratura, em novembro de 2018 para embarcar no governo, após angariar prestígio com a Lava-Jato.

Anteriormente, em 2016, Moro disse que "jamais entraria para a política" ao ser questionado ao ser questionado sobre o assunto durante uma entrevista ao jornal O Estado de São Paulo. Um ano depois, em 2017, desta vez em entrevista a revista Veja, voltou a se declarar avesso a ideia de participar da vida pública do país como político.

"Não seria apropriado da minha parte postular qualquer espécie de cargo político porque isso poderia, vamos dizer assim, colocar em dúvida a integridade do trabalho que eu fiz até o presente momento", disse o então juiz, responsável por condenar e prender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – tirando o petista da disputa eleitoral vencida por Bolsonaro.

"Ele nunca quis ir para a política. Mas está sendo empurrado, porque o que pode ser hoje? Político, candidato a vice, talvez senador, algo do tipo. Pode ser advogado, mas é pouco provável. Seria uma alternativa complementar, mas o que resta para uma pessoa com a projeção pública de Moro?", analisa.

Questionado sobre a possibilidade de Moro ser candidato a presidente em 2022, o procurador aposentado disse que acha essa hipótese difícil "sem partido ou estrutura", embora o ex-ministro tenha nome suficiente para isso.

"Nosso sistema político é tão corrompido e difícil de lidar que seria uma luta árdua. Nesse mar de nulidades e desqualificados, uma pessoa correta e de boa vontade que já teve conhecimento da máquina pública seria um nome perfeitamente palatável", disse.

Durante a entrevista, ele também opinou que as acusações feitas pelo antigo colega de Operação durante a coletiva em que anunciou sua demissão justificam a abertura de um processo de impeachment contra o atual presidente.

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