Política

Rui prega autonomia da PF, mas faz ressalvas sobre Moro: “Várias atitudes ilegais e vazamentos seletivos”

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Apesar de criticar a suposta tentativa de interferência de Bolsonaro na PF, o governador da Bahia condenou postura do ex-juiz federal  |   Bnews - Divulgação Arquivo BNews

Publicado em 28/04/2020, às 13h31   Luiz Felipe Fernandez



O governador da Bahia, Rui Costa, comentou o recente imbróglio envolvendo a saída do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, que fez acusações ao presidente Jair Bolsonaro de tentativa de interferência política no trabalho da Polícia Federal (PF). 

Rui salientou a importância de preservar a autonomia da Polícia Federal, mas fez ressalvas ao ex-juiz federal, famoso pela atuação na Lava Jato. De acordo com o governador, Moro acumula no seu currículo “várias atitudes ilegais” que desrespeitam a Constituição. 

Segundo o petista, o ex-juiz fez “vazamentos seletivos” para prejudicar aqueles que eram considerados “adversários políticos”. Apesar de não ser mencionada por Rui na entrevista concedida a uma emissora local,  a conduta de Moro  no processo que condenou o ex-presidente Lula foi colocada em cheque com a série de reportagens do The Intercept Brasil que ficou conhecida como “Vaza Jato”. Ela revelou diálogos do ex-ministro com membros da Força-Tarefa da Lava Jato, que indicavam um trabalho de cooperação.

“Eu acho que há muito tempo a lei e a Constituição deste país não vêm sendo observadas. O ex-ministro e ex-juiz foi um dos responsáveis por várias atitudes ilegais no exercício do seu cargo, fazendo vazamento seletivos de informação para a imprensa de quem considerava adversário político do grupo que atuava”, destaca.

Em relação, contudo, à acusação de Sergio Moro de que a troca da diretoria-geral da PF pelo presidente da República seria uma tentativa de interferir em investigações em curso, Rui concordou que o movimento parece uma estratégia de proteção de Bolsonaro aos seus “familiares”.

O governador reforçou que a PF não pode atuar em favor de um partido político ou a partir de motivações “ideológicas”. 

Bolsonaro nomeou nesta terça-feira (28) o novo diretor-geral da PF, Alexandre Ramagem, e o ministro da Justiça, André Luiz Mendonça. O primeiro foi diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e coordenou a segurança do presidente quando disputava a eleição em 2018.  Ramagem é amigo do vereador Carlos Bolsonaro, de quem aparece ao lado em uma foto registrada em festa de réveillon em 2019. 

André Mendonça deixa a Advocacia Geral da União, onde atuava desde 2000, para assumir a pasta deixada por Moro. O advogado, que é pastor da Igreja Presbiteriana Esperança de Brasília, agradeceu à confiança de Bolsonaro em um post nas redes sociais. Segundo ele, o seu compromisso maior é “continuar desenvolvendo o trabalho técnico” que o marcou durante a vida.

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