Política

Coronel diz que perícia em celular de Bolsonaro deveria ser feita em sigilo: “Dá tempo de apagar”

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Senador do PSD diz que divulgação da perícia na imprensa prejudica a investigação e comenta possibilidade de impeachment   |   Bnews - Divulgação Arquivo BNews

Publicado em 22/05/2020, às 12h46   Luiz Felipe Fernandez


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O senador Angelo Coronel (PSD) comentou o pedido do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que a Procuradoria Geral da República faça uma perícia no celular do presidente Jair Bolsonaro, como etapa da investigação sobre suposta interferência na Polícia Federal.

Em conversa com o BNews nesta sexta-feira (22), Coronel admitiu não crer que a perícia revele novos fatos importantes. Para o senador, a operação deveria ser feita em sigilo, caso contrário, “dá tempo de apagar” qualquer mensagem incriminatória. “Quando vai investigar algo, tem que guardar o sigilo, se não, prejudica”, salienta.

Presidente da CPI Mista das Fake News, o senador baiano diz que encontra dificuldade semelhante em outras investigações. Segundo ele, quando há a solicitação de algo parlamentar para que os técnicos da Polícia Federal averiguem algum aparelho celular, todas as “provas” são apagadas.

Coronel diz que a única possibilidade é a que o presidente não tenha apagado as mensagens do celular institucional, que não pode ter as conversas deletadas por “questão de segurança nacional”.

Questionado sobre a crise no governo Bolsonaro e os pedidos de impeachment protocolados e entregues à Câmara dos Deputados, o cacique do PSD diz que neste momento é fundamental manter o foco no combate à pandemia do novo coronavírus, apesar dos possíveis crimes cometidos por Bolsonaro. Ele ressalta que um impeachment depende da mobilização nas ruas, o que também é impossibilitado pelas normas de distanciamento social.

Mas, caso no futuro a saída de Bolsonaro encontre apoio popular, talvez nem a aliança com o Centrão possa salvá-lo. Coronel salienta que o apoio popular vem de diferentes classes sociais, diferente da “moqueca” presente em atos antidemocráticos que tem recebido o apoio do presidente da República.

“Quem decreta impeachment de presidente são as ruas. Se começarem a ampliar esse sentimento, não existe Centrão que segure”, argumenta Coronel, que faz um paralelo com a saída de Dilma Roussef, que foi tirada do cargo sem ter cometido um “crime de grande magnitude”.

“Não se pode cassar um presidente só por cassar, precisa realmente de provas robustas, para não acontecer o que aconteceu no passado, quando se cassou uma presidenta, mesmo impopular, sem que tenha cometido um crime de grande magnitude. Um absurdo”, resume.

Por ora, a comissão da CPI das Fake News tem apurado as denúncias de suposto envolvimento do presidente nos atos que pedem o fechamento do Congresso e volta do AI-5, buscando a autoria das publicações nas redes sociais.

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