Política

Quase totalidade da elite política não afirma ser a favor da redução dos seus salários durante pandemia

Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas
Alguns políticos reduziram em 30% seus salários  |   Bnews - Divulgação Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas

Publicado em 05/06/2020, às 10h38   Redação Bnews


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Quando a questão é o próprio corte dos salários durante a pandemia do coronavírus, quase totalidade da elite política e jurídica do Brasil não respondeu ser a favor ou contra a medida estabelecida pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido) para iniciativa privada, dando sinal verde para empresas suspenderem contratos de trabalho ou reduzir em 70% os contracheques de seus funcionários.

O jornal Folha de S. Paulo procurou nas duas últimas semanas o presidente Bolsonaro, todos os seus 21 ministros, os presidentes da Câmara e do Senado, os presidentes dos dez maiores partidos políticos brasileiros, os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal, o procurador-geral da República, os 27 governadores e os 26 prefeitos de capital. A maioria, no entanto, manteve o silêncio.

O Congresso Nacional aprovou o pacote de socorro aos estados e municípios com brecha para que algumas categorias do funcionalismo recebam novos reajustes​​. Bolsonaro, no entanto, vetou o trecho, mas cabe o Congresso derrubar a decisão.

De acordo com a Folha, os ministros do STF não se manifestaram sobre o assunto sob a justificativa de que podem ter que julgar questões relacionadas ao tema. Já Bolsonaro e seus ministros não responderam ao jornal.

Os governadores, prefeitos de capitais e presidentes dos partidos políticos que se manifestaram, assim como o procurador-geral da República, Augusto Aras, foram majoritariamente contra a medida.

Os únicos a defendê-la foram os presidentes do MDB, deputado federal Baleia Rossi (SP), o presidente do PL, Jose Tadeu Candelária, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), e o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB).

A presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PR) foi contra a redução do salário. Os demais ou disseram contra ou indicaram não trabalhar com essa possibilidade no momento.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou ter determinado que seus salários de abril a agosto sejam usados na compra de alimentos para atender à população em estado de pobreza e extrema pobreza. O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) disse à reportagem ser contra o corte de salário de políticos e do funcionalismo.

O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), cortou em 30% o próprio salário e o dos funcionários comissionados, mas se disse contra reduzir o contracheque do funcionalismo. Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, seguiu a mesma linha e reduziu seu salário em 30% no período, assim como os secretários. 

Entre os prefeitos de capital, à exceção de Kalil, de BH, a tônica foi similar. Presidente nacional do DEM e prefeito de Salvador, ACM Neto disse à folha ser favorável ao corte salarial dos políticos e gratificações de cargos de confiança (reduzidos em 30% na capital da Bahia, mas afirma que, sobre o funcionalismo em geral, a decisão "depende da situação fiscal e financeira de cada Estado e município".

Prefeito de uma das cidades mais afetadas no país, Arthur Virgílio (PSDB), diz que mandou mensagem para a Câmara Municipal de Manaus para corte de 10% do seus salário e de seus secretários.

O líder da bancada do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), apresentou no final de março projeto de redução escalonada dos salários do funcionalismo, mas o texto não caminhou. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também defendeu a discussão da medida, mas recuou após o ministro da Economia, Paulo Guedes, se manifestar no sentido contrário.

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