Política

Escolha de Kassio Nunes para o STF faz 'ressucitar' grupos pró-Bolsonaro com críticas ao presidente

Isac Nóbrega PR
Indicação de Dilma Roussef (PT) e inconsistências no currículo foram os principais pontos criticados nos grupos   |   Bnews - Divulgação Isac Nóbrega PR

Publicado em 12/10/2020, às 12h25   Redação BNews



Após o presidente da República, Jair Bolsonaro (Sem Partido), revelar que o seu escolhido para ocupar a vaga do decano Celso de Mello, que se aposenta no próximo dia 16, no Supremo Tribunal Federal (STF) é o desembargador do TRF1 Kassio Nunes Marques, grupos bolsonarista de apoio ao chefe do executivo federal começaram a se movimentar com uma série de notícias contra o indicado ao STF.

A constatação é do pesquisador David Nemer, da Universidade da Virgínia, nos EUA, que monitora a atuação de bolsonaristas no Whatsapp desde 2017. O pesquisador afirma que após a divulgação do escolhido, os grupos começaram a se manifestar sobre o fato do desembargador ter chegado ao TRF1 via escolha da presidente Dilma Rousseff (PT) e cresceu com notícias na mídia convencional e em site de apoio a Bolsonaro sobre inconsistências no currículo do juiz.

Inconsistências
Segundo Nemer, foi possível identificar uma série de críticas nos grupos, principalmente após a publicação de notícias sobre inconsistências no currículo de Marques.

Segundo Nemer, o link de um site que citou reportagem do Estadão - Mostrando que a Universidade de La Coruña, na Espanha, negou a existência de um “Postgrado en Contratación Pública”, informado pelo magistrado em seu currículo - sobre o currículo do magistrado circulou em pelo menos 12 grupos. Houve também reproduções de um texto intitulado “País de falsários? Kassio Nunes mentiu sobre curso e plagiou dissertação”, publicado por um site de apoio ao presidente e conservador. Um texto do site bolsonarista Brasil Sem Medo que exibia um questionamento: “como pode alguém que conseguiu o doutorado há apenas 10 dias já ter no currículo dois pós-doutorados?” foi outro com forte circulação em grupos de whatsapp formado por defensores de Jair Bolsonaro.

“Em um espaço em que Bolsonaro é intocável, o presidente começa a receber críticas como antes não se via. Isso abre espaço para que ele possa ser ainda mais questionado. Uma vez que você se acostuma a um posicionamento crítico, ele pode voltar mais forte na próxima vez. Antes eles ficavam em silêncio”, afirmou o pesquisador ao Estadão.
No grupo chamado “Bolsonaro Eleito”, um integrante classificou a escolha de Marques como “o pior erro de Bolsonaro”. No mesmo espaço, outra postagem dizia que um site que o autor da mensagem considera “progressista” (Diário do Centro do Mundo) estava defendendo Marques e que isso era “preocupante”.

Apoio

Os apoiadores, no entanto, afirmaram em diversas postagens que o presidente mostrou ter razão em outros momentos em que foi questionado. Os exemplos foram a indicação de Augusto Aras para a Procuradoria-Geral da República, em setembro do ano passado, e a saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça, em abril. Também alegaram que Bolsonaro não poderia indicar um conservador radical, pois o Senado não aprovaria. Desde 1894, os senadores aprovaram todos os indicados para o Supremo.

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