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Em entrevista com Bial, Obama fala de liderança do Brasil e diz que Trump sai de qualquer jeito em Janeiro

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Obama lembrou que Brasil e Estados Unidos compartilham a longa história de escravidão e discriminação racial.  |   Bnews - Divulgação Twiter Joe Biden

Publicado em 17/11/2020, às 07h20   Redação BNews


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O ex-presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Barack Obama, comparou o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) ao colega norte-americano, Donald Trump, aos posicionamentos de negação em relação ao aquecimento global e mudanças climáticas.

“Posso dizer que, com base no que vi, as políticas dele, assim como as de Donald Trump, parecem ter minimizado a ciência da mudança climática. E o Brasil é obviamente um ator central na ação de poder ou não frear os aumentos de temperatura que podem causar uma catástrofe global”, explicou Obama durante entrevista ao programa conversa com Bial, da Rede Globo.

O apresentador Pedro Bial citou o episódio no qual Bolsonaro diz que “quando acabar a saliva, tem que ter pólvora“, se referindo a possíveis barreiras comerciais que poderão ser impostas pelos EUA ao Brasil caso ele não interrompa política de meio ambiente que está favorecendo desmatamento, queimandas e redução das áreas de preservação ambiental, e Obama evitou entrar em polêmica:“o Brasil foi um líder no passado, seria uma pena se parasse de ser. Eu não conheço o presidente do Brasil. Eu já tinha saído [da Casa Branca] quando ele assumiu o cargo. Então não quero dar uma opinião sobre alguém que não conheci”.

Obama destacou que está confiante no governo do seu colega de partido e ex-vice presidente, Joe Biden.

“A minha esperança é que, com o novo governo de [Joe] Biden, exista uma oportunidade de redefinir a relação. Sei que Joe Biden vai enfatizar que a mudança climática existe. Tanto os Estados Unidos quanto o Brasil vão desempenhar um papel de liderança”, ressaltou o primeiro presidente negro dos EUA.

Obama tratou da pandemia de covid-19 e sobre liderança dos Estados Unidos e Brasil no número de óbitos e contaminados.

"Precisamos nos mobilizar dentro no nosso país e de forma internacional para tentar dar um fim a essa pandemia. Mas, no fim das contas, os Estados Unidos e o Brasil têm muitas coisas em comum. O progresso que precisa acontecer, não só no hemisfério, mas no mundo, vai ser, em parte, determinado pela qualidade da relação entre os nossos dois países”, reforçou Obama.

Livro de memórias

Barack Obama foi convidado para falar sobre o livro de memórias que está lançando, batizado de “Uma Terra Prometida”. Segundo ele, sua presidência teve uma importância simbólica. “Uma das minhas razões para concorrer foi mandar a mensagem de que qualquer criança pode aspirar algo maior, seus horizontes não são fechados”, disse.

Obama lembrou que Brasil e Estados Unidos compartilham a longa história de escravidão e discriminação racial. Falou que o desafio de ambos os países é superar a desigualdade social.

Ele relatou que uma das passagens do livro é sobre a visita que fez ao Brasil em 2011. “Quando estava na favela, eu senti uma afinidade em relação a muitas das crianças porque elas me lembraram das crianças de Chicago ou de Washington”, disse. “Elas [as crianças] precisam mais do que só inspiração. Elas precisam de boas escolas, de emprego quando se formam, de uma moradia decente, precisam ser protegidas da poluição“.

Eleição

O democrata comentou a recusa de Donald Trump em aceitar o resultado das eleições nos EUA. Trump entrou com recursos em diversos Estados do país e disse, sem provas, que houve fraude no processo eleitoral. Além disso, travou o processo de transição, impedindo a equipe de Biden de ter acesso a documentos e recursos federais.

“Não estou surpreso com o fato de Donald Trump estar violando o costume da transição de poder pacífica porque ele violou vários tipos de normas antes. A boa notícia é que, no fim das contas, não vai fazer diferença. No dia 20 de janeiro [dia marcado para a posse] teremos um novo presidente. Mas o que foi perdido foi esse período de transição. A nossa democracia está desgastada. Não é apenas um resultado relacionado a Donald Trump. As histórias que conto sobre a minha presidência indicam como algumas dessas tendências já existiam“, reforçou Obama.

Obama falou da escolha de Kamala Harris para compor a chapa democrata ao lado de Biden. Com o resultado da eleição, ela se tornou a 1ª mulher a ocupar o cargo de vice-presidente dos EUA.

“Espero que Kamala Harris seja apenas o início de um processo no qual cada vez mais mulheres no mundo sejam vistas como líderes viáveis nos níveis mais altos”, disse o norte-americano. O trabalho de empoderar as mulheres é contínuo. Foi interessante, como presidente, poder observar que os países que oprimem as mulheres, que não usam os talentos das mulheres, tendem a ser os países que não se desenvolvem economicamente e que têm outros problemas”, sinalizou Obama.

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