Política

Moro vira sócio de empresa que atua para alvos da Lava Jato

Roque de Sá/Agência Senado
A companhia atua como administradora judicial, ou seja, assume a gerência de empresas que entram em recuperação judicial  |   Bnews - Divulgação Roque de Sá/Agência Senado

Publicado em 01/12/2020, às 08h00   Redação BNews


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A empresa de consultoria Alvarez & Marsal, da qual o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro se tornará sócio-diretor na última terça-feira,(24),  tem quase R$ 26 milhões a receber de alvos da operação Lava Jato. A companhia atua como administradora judicial, ou seja, assume a gerência de empresas que entram em recuperação judicial.

Duas decisões judiciais da qual o Poder 360 teve acesso estabelecem os montantes destinados ao escritório que Moro fará parte. Num dos despachos de 2019, o juiz João de Oliveira Rodrigues Filho, da 1ª Vara de Recuperação Judicial e Falência de SP, determina que a Atvos, produtora de etanol pertencente ao grupo Odebrecht, pague o valor de R$ 10,8 milhões, em 30 parcelas de R$ 360.000. A outra decisão, de 2015, estipula à OAS o valor de R$ 15 milhões, divididos em 30 parcelas mensais, sendo as 10 primeiras no valor de R$ 400.000, as 10 seguintes no valor de R$ 500.000 e as 10 últimas no valor de R$ 600.000. Esse contrato, segundo o escritório informou ao Poder360, foi encerrado em 2015.

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro e ex-juiz da Lava Jato, Sergio Moro, fará parte da área de “Disputas e Investigações” em nível global na Alvarez & Marsal. A assessoria da Alvarez & Marsal negou, ao site Poder360, que o contrato assinado por Moro possa gerar conflitos de interesse. 

“Sergio Moro foi contratado para atuar na área de ‘Disputes and Investigation’, liderado por Marcos Ganut no Brasil. Existe uma alta demanda do setor privado para o desenvolvimento e criação de sistemas de integridade, conformidade e compliance. A A&M atua na busca pelo aprimoramento, reestruturação e adoção de políticas efetivas de conformidade das empresas, e não na defesa delas. Foi estabelecido uma cláusula contratual em que Moro não atuará em projetos que possam gerar conflitos de interesse. Mais do que isso, a A&M não advoga em defesa das companhias, mas como advisor para reestruturações e transformações corporativas, esta última prática onde se encontra a área de ‘Disputes and Investigations’”, afirma nota enviado ao Poder 360.

Críticas

Em entrevista ao Uol, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ironizou a decisão de Moro de assumir o cargo na Alvarez & Marsal: “Agora o Moro é consultor de uma empresa que inclusive, pelo que vi no jornal, presta serviço para a Odebrecht. Acho que ele já está encaminhado no setor privado”.

O senador Major Olímpio (PSL-SP), que já esteve à frente de diversas manifestações em apoio à Operação Lava Jato, fez uma das declarações mais enfáticas contra a escolha de Moro.

“Não conheço os termos, mas acho que ele deu um tiro no próprio saco e não no pé”, ironizou Olímpio.

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