Política

A cinco dias da eleição, emendas e cargos são ofertados em Brasília para eleger candidatos de Bolsonaro

Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados
Do fim de 2020 para cá, milhões em emendas extras foram liberados para parlamentares aliados do Planalto  |   Bnews - Divulgação Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados

Publicado em 27/01/2021, às 12h54   Redação BNews


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A menos de cinco dias para eleição dos presidentes da Câmara e do Senado, o clima em Brasília está agitado por acordos de última hora na busca de alcançar cargos e emendas.

Na Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas), candidato do presidente da República, Jair Bolsonaro (Sem Partido), é o favorito. O trabalho de convencimento pessoal, aos moldes do adotado pelo ex-presidente  Eduardo Cunha, teve uma forcinha do Planalto, que, para eleger seu candidato, abriu a torneira com verbas extras e distribuiu cargos de toda sorte, segundo apurou o Antagonista.

O deputado Áureo, do Solidariedade, admitiu que perdeu três cargos por ter declarado apoio a Baleia Rossi (MDB) é apenas um exemplo revelado da ofensiva do Planalto contra candidatos não alinhados.

A construção da candidatura do líder do centrão se fortaleceu em 2020, em meio à pandemia do novo coronavírus, quando o deputado de Alagoas foi ao Planalto fazer vídeos e tirar selfie com o presidente da República.

Repartição do poder

Autarquias e superintendências de órgãos federais nos estados foram todas loteadas para o Centrão. A Funasa ficou com o PSD, por meio de indicações do atual líder da bancada na Câmara, Diego Andrade. O Progressistas, de Ciro Nogueira e de Lira, seu pupilo, garantiu espaços no FNDE e na Conab, por exemplo. O PL, de Valdemar Costa Neto, também pegou fatias do FNDE. A Codevasf continua sendo comandada pelo grupo de Elmar Nascimento, do DEM da Bahia.

Do fim de 2020 para cá, milhões em emendas extras foram liberados para parlamentares aliados do Planalto, como parte do plano para fazer Lira presidente da Câmara. Parlamentares como Domingos Neto (PSD) e Wellington Roberto (PL) estão entre os campeões de recebimento desses recursos, liberados sem critério definido e sem transparência.

“Bolsonaro está pagando para sobreviver politicamente. O grande drama da vida dele é o que eles fizeram no verão passado: ele, os filhos, o Fabrício Queiroz. Bolsonaro sabe que já descobriram tudo e ficou refém: ponto, é isso. O que ele está querendo é sobreviver. Os profissionais da política em Brasília perceberam isso e estão aproveitando como podem. Ciro Nogueira só sentiu o cheiro, viu essa necessidade de socorro do Bolsonaro e agora está prestes a comandar a Câmara, com Arthur Lira”, disse a O Antagonista um deputado do Centrão.

O mesmo parlamentar reforçou que estratégia "errada" de Rodrigo Maia contribuiu para decisão: “Na Câmara, o governo está pagando até mais do que precisaria, porque o Rodrigo Maia se desgastou demais sozinho, com uma estratégia errada na condução de sua sucessão. Está mais ou menos assim: pede que você ganha [emendas e cargos]”.

Costura no Senado

No Senado, Luiz Eduardo Ramos, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, passou a atuar, junto com Davi Alcolumbre (DEM-AP), para garantir os apoios suficientes em torno de Rodrigo Pacheco (DEM-MG). A liberação de emendas extras, orquestradas pelo próprio Alcolumbre,sempre estiveram sobre a mesa de negociações.

Em Brasília, ninguém tem dúvidas de que o Planalto fará uma reforma ministerial após as eleições no Congresso, como consequência dos acordos que estão sendo fechados. Jair Bolsonaro caminha para dar ainda mais espaço ao Centrão, inclusive na Esplanada, com a possibilidade de trocas de comando e a recriação de mais pastas.

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