Política

Associação de ortopedistas critica piada de Otto Alencar em CPI

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"Somos médicos, senador, assim como vossa excelência", diz entidade  |   Bnews - Divulgação Arquivo

Publicado em 28/04/2021, às 20h51   Redação BNews



Uma piada dita pelo senador Otto Alencar (PSD) durante a primeira sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 causou desconforto para a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). Nesta terça feira (27), ao ser questionado pelo senador Izalci Lucas (PSDB-DF) se, como médico, ele não gostaria de ver procedimentos do SUS digitalizados, o baiano disse: "Senador, eu sou ortopedista, não sou médico".

"Sua declaração foi desrespeitosa para com seus pares, feriu valores fundamentais que nortearam a criação da SBOT há quase 100 anos, tais como a valorização e o respeito profissional, e, mais ainda, colocou em dúvida nossa legitimidade profissional diante dos pacientes", disse em nota a associação.

"Somos médicos, senador, assim como vossa excelência; temos orgulho desta profissão que nos mantém afastados da família por longos períodos, que nos coloca em risco constante nas salas de emergências deste país desigual, mas ao mesmo tempo, somos gratos por participar, juntamente com colegas de outras especialidades, do privilégio de curar pessoas e salvar vidas", continua o comunicado.

Por fim, a entidade diz entender que "não houve de sua parte a intenção deliberada de menosprezar a Ortopedia e Traumatologia brasileira".

Leia a íntegra da carta:

"CARTA SBOT AO SENADOR OTTO ALENCAR
Excelentíssimo Senhor,

A SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA – SBOT, sociedade médica de especialidade de âmbito nacional formada por mais de 18 mil médicos especialistas em Ortopedia e Traumatologia, vem respeitosamente manifestar sua surpresa ao comentário feito por vossa excelência na seção plenária do Senado Federal, de 27/04/2021, que discutiu a instalação da CPI da pandemia da Covid.

Durante a argumentação do senador Izalci Lucas, vossa excelência afirmou “sou ortopedista, não sou médico”, transmitida ao vivo pela TV Senado para milhões de brasileiros. Sua declaração foi desrespeitosa para com seus pares, feriu valores fundamentais que nortearam a criação da SBOT há quase 100 anos, tais como a valorização e o respeito profissional, e, mais ainda, colocou em dúvida nossa legitimidade profissional diante dos pacientes.

Mais do que ninguém vossa excelência entende o peso de suas palavras, não apenas por ser uma figura pública de grande relevância no parlamento, mas por ocorrerem justamente num momento em que a classe médica brasileira – que congrega os cirurgiões ortopedistas e traumatologistas – sofre toda sorte de dificuldades decorrente da pandemia, incluindo risco de vida.

Somos médicos, senador, assim como vossa excelência; temos orgulho desta profissão que nos mantém afastados da família por longos períodos, que nos coloca em risco constante nas salas de emergências deste país desigual, mas ao mesmo tempo, somos gratos por participar, juntamente com colegas de outras especialidades, do privilégio de curar pessoas e salvar vidas.

Certamente não houve de sua parte a intenção deliberada de menosprezar a Ortopedia e Traumatologia brasileira e, sendo o excelentíssimo senador um homem integro e comprometido com o exercício da boa medicina, temos convicção de que saberá posicionar-se diante dos ortopedistas e da sociedade brasileira o mais breve possível.

Respeitosamente,
Adalberto Visco
Presidente"

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