Política

"É uma denúncia requentada e sem sentido", avalia Gabrielli

Publicado em 24/02/2012, às 12h09   Luiz Fernando Lima



A revista Época da última semana traz de volta à pauta as denúncias do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Controladoria Geral da União (CGU) envolvendo contratos de patrocínios da Petrobras a ONG Pangea. 

De acordo com documentos da CGU, a que ÉPOCA teve acesso com exclusividade, boa parte do dinheiro repassado pela Petrobras à Pangea foi desviada. A CGU suspeita de que parte desses recursos tenha ido parar no caixa dois de campanha do PT na Bahia. 

Entre junho de 2004 e dezembro de 2006, a Pangea recebeu R$ 7,7 milhões da Petrobras para dar assistência e organizar catadores de lixo em dez municípios baianos. Um pente-fino da CGU, órgão do governo encarregado de fiscalizar o uso de verbas federais, concluiu que não há comprovação de gastos para mais de R$ 2,2 milhões.

O caso remonta ao período em que José Sérgio Gabrielli era presidente da companhia. Contudo, a própria reportagem da semanal ressalta que não h[a elementos que liguem os supostos desvios ao ex-presidente.

Em conversa com reportagem do Bocão News Gabrielli se mostrou indignado com a alusão que definiu como uma denúncia requentada de uma matéria que vem sendo discutida há muito tempo e que foi, inclusive, alvo de investigação em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que não resultou em nada.

“Eu acho que é uma operação política para atingir o meu nome. É uma coisa requentada de 2004 e 2006, nós estamos em 2012, a requentar isso é em função da minha vinda para a Bahia. Eu acho que é uma requentagem (sic) barata. Toda a matéria diz que eu não tenho relação nenhuma com o caso, mas é do tempo que eu fui presidente, e que portanto poderia ter sido beneficiado. É uma matéria de insinuações sem sentido”.

Após a insistência da reportagem do Bocão News, Gabrielli explicou o caso do ponto de vista da companhia.  

“Quando nós patrocinamos alguma coisa ou projeto nós fiscalizamos se foi feito ou não o nosso objeto de patrocínio. Neste caso, foi o treinamento para reciclagem de 748 catadores de lixo. Nós avaliamos, fizemos visitas in loco, analisamos relatórios e concluímos que o trabalho foi bem feito. Não só nós (Petrobras) porque o trabalho recebeu prêmios de várias e várias entidades e etc. Com isso, você tem uma demonstração de que o trabalho foi bem executado e considerado uma das grandes experiências dentro da área de empreendedorismo social. Aí a CGU e o TCU querem a analise da prestação de contas do ponto de vista de como foi executado isso. Nós (Petrobras) não fiscalizamos isso. Quem fiscaliza é o próprio TCU e a CGU e o problema não é nosso e sim da própria entidade que está sendo fiscalizada. Então, eu não tenho como responder sobre isso”, concluiu.

Época!

A CGU enviou o relatório de fiscalização com todas as irregularidades para o Tribunal de Contas da União (TCU). O processo, dentro do Tribunal, ainda não foi concluído. No final do ano passado, o TCU solicitou à CGU informações sobre as providências adotadas no caso Pangea. A Controladoria cobrou da Petrobras explicações sobre o dinheiro desviado. Em casos semelhantes, o TCU determinou que a própria companhia fiscalize a aplicação do dinheiro.

A Petrobras afirmou que, nos casos de contratos de patrocínio, não verifica o destino dos recursos repassados às entidades. A única fiscalização feita tem o objetivo de verificar se o projeto foi executado conforme o contrato e se houve a contrapartida para a imagem da empresa, enquanto patrocinadora. No caso da Pangea, essa fiscalização ocorreu, segundo a Petrobras, com visita in loco e análises de relatórios. “O projeto cumpriu todas as metas” e ainda recebeu prêmios, afirmou a companhia. A Petrobras disse também que os contratos não tiveram motivação política. 

A companhia não comentou a suspeita de caixa dois. A Pangea também negou desvios. Disse que o relatório da CGU é preliminar e inconclusivo. Afirmou que as empresas não localizadas pela Controladoria prestaram os serviços contratados e que todos os recursos da Petrobras foram aplicados

Fotos: Roberto Viana // Bocão News

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