Política

Lídice da Mata condena orçamento paralelo e diz que direcionamento das emendas gera "fraude" eleitoral

Dinaldo Silva/BNews
Deputada federal e ex-prefeita de Salvador reconheceu que o modus operandi não é novo, mas cresceu de forma nunca vista no governo Bolsonaro   |   Bnews - Divulgação Dinaldo Silva/BNews

Publicado em 17/05/2021, às 11h51   Luiz Felipe Fernandez


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Deputada federal e com vasta experiência no Legislativo, Lídice da Mata (PSB) diz que "não é novidade" o orçamento paralelo do Governo Federal revelado pelo Estadão. Em conversa com o BNews nesta segunda-feira (17), a ex-senadora ressaltou, contudo, que o toma lá da cá nunca havia sido visto "no nível praticado" pelo presidente Jair Bolsonaro, com total autonomia dos parlamentares que indicaram repasses autorizados pela Codevasf.

Segundo Lídice, que foi prefeita de Salvador pelo PSDB entre 1993 e 1996, direcionar emendas de forma desproporcional para deputados em troca de apoio reflete um "fraude" eleitoral, uma vez que candidatos beneficiados conseguem executar mais obras e repassar mais verbas para o seu reduto eleitoral.

"Não é novidade, os governos normalmente utilizam de um pedido orçamentário do deputado que fez uma relatoria mais difícil, mas nunca no nível praticado neste governo. Nunca um relator teve a liberdade de usar tantos recursos quanto essa relatoria, um absurdo, acaba com a transparência", analisou Lídice sobre os repasses que somaram R$ 3 bi.

"Ninguém está dizendo que eles estão colocando o dinheiro no bolso, mas gera uma eleição fraudada. Pois tem deputados que vão liberar apenas os seus R$ 15 milhões em emendas, isso se saírem, se forem executadas, se o governo não perseguir. Aí os outros vão ter quatro, cinco, até dez vezes mais de emenda para disputar o voto naquela base, e ainda tentando desqualificar os que não participam disso", lamenta.

Esta prática é ainda mais condenável em tempos de pandemia, quando muitos morrem por falta de "recursos", adverte Lídice.

"Justamente na pandemia, os recursos precisam de um controle maior, para ser jogado naquilo que importa, como um auxílio-emergencial para que as pessoas possam se cuidar, possam comer", diz a deputada, que lembra que as mulheres são ainda as mais afetadas por todos estes problemas.

"São as principais atingidas neste momento, são as que tem o salário mais baixo e a maioria está na economia informal. É preciso que esse dinheiro seja muito bem usado, e ele tem sido usado, infelizmente, para esta campanha política paralela", completou.

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