Política

CPI da Covid: Otto pede que relatório inclua responsabilização de Wizard por propaganda de tratamento ineficaz

Edilson Rodrigues/Agência Senado
Na gravação, Wizard alega que na cidade de Porto Feliz, em São Paulo, o uso de cloroquina e hidroxicloroquina foi responsável pelo sucesso e pela baixa taxa de mortalidade  |   Bnews - Divulgação Edilson Rodrigues/Agência Senado

Publicado em 30/06/2021, às 12h15   Luiz Felipe Fernandez


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O senador baiano Otto Alencar (PSD) afirmou nesta quarta-feira (30) que é obrigação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid responsabilizar o empresário Carlos Wizard por contribuir para as mortes no país decorrentes da doença. A intervenção do senador foi após a exibição de um vídeo de Wizard em que defende o tratamento precoce, ineficaz contra o vírus, e faz afirmações falsas sobre a pandemia.

Na gravação, Wizard alega que na cidade de Porto Feliz, em São Paulo, o uso de cloroquina e hidroxicloroquina foi responsável pelo sucesso e pela baixa taxa de mortalidade. Segundo ele, as cinco pessoas que morreram até aquele momento, foi por optarem "ficar em casa". A informação foi atualizada pelo vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que reiterou que no município foram contabilizados 8932 casos de Covid-19 e 122 óbitos até hoje.

"Um declaração dessas, mentirosa, dizendo que os que morreram ficaram em casa. Isso, por si só, é totalmente irresponsável", disse Otto. "O vídeo é de que data?", indagou o senador governista Luís Carlos Heinze (PP-RS).

"A data vai ressuscitar os que morreram? [...] esse vídeo comprova a declaração irresponsável que fez, não tem como, no relatório, não responsabilizá-lo pelas mortes no Brasil. Ele ainda sorriu das pessoas mortas. E pior, como é uma figura conhecida, algumas pessoas acreditam nele, embora não seja médico e não tenha atividade na área de saúde", alfinetou.

Otto ainda ironizou ao falar sobre o patrimônio de Wizard.

"Nesses casos todos, quando sobe pra cabeça a riqueza... e no Brasil, nenhuma riqueza é inocente, nenhuma fortuna é inocente, sempre tem vícios né, deve ser o caso dele, por isso ele deve ter debochado da CPI"., completou.

Indignado, o senador petista Humberto Costa (PE) acusou o empresário de "charlatanismo" e "exercício ilegal da medicina".

Durante todo o depoimento, Wizard preferiu se reservar ao direito de permanecer calado, conforme autorizado mediante habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em um dos poucos momentos, após a senadora Eliziane Gama (MDB) perguntar a sua religião, pelo teor do seu discurso de abertura, Wizard se pronunciou e exibiu o seu livro, sugerindo a leitura para aqueles que querem saber mais sobre a sua vida.

A propaganda gerou a revolta de parte dos senadores, entre eles Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que chamou de "escárnio" a atitude de Wizard, que a despeito de ficar calado, fez "autopromoção" com a divulgação do livro biográfico.

Classificação Indicativa: Livre

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