Waldir Pires será candidato a vereador de Salvador
Publicado em 06/03/2012, às 09h28 Daniel Pinto
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O ex-governador da Bahia e ex-ministro da Defesa do Governo Lula, Waldir Pires (PT), 85 anos, confirmou nesta segunda (5) a vontade de disputar uma vaga na Câmara Municipal de Salvador nas eleições deste ano. Em entrevista ao Terra Magazine, ele revelou que a candidatura foi motivada pelo que vê de errado na capital baiana, "nos países e na sociedade humana".
“Não há como olhar para o espelho e admitir para si mesmo não participar das grandes preocupações. As capitais, a nossa capital, são ou deveriam ser um núcleo de organização da vida, de inclusão social... É uma oportunidade de dizer que tenho uma tarefa, que todos nós cidadãos temos uma tarefa política, por isso eu vou à luta. Salvador foi a cidade onde conheci o mar. Isso já é muito”, observou Waldir.
A reportagem do Bocão News entrou em contato com a presidente do diretório municipal, a vereador Marta Rodrigues. Ela não tinha sido informada sobre os planos do petista histórico, mas se disse bastante entusiasmada. “Ele é filiado está em dia com suas obrigações. Portanto, está apto para a disputa. Acho excelente! É um quadro qualificado, um verdadeiro peso pesado, e só tenha a fortalecer nossa chapa”.
Confira entrevista de Waldir ao repórter Bob Fernandes, âncora do Terra Magazine
Acabo de saber que o senhor decidiu ser candidato a vereador em Salvador, pelo PT, mesmo depois de já ter sido governador, ministro da Defesa e controlador-geral da República?
Waldir Pires - É verdade. Serei candidato a vereador nas próximas eleições.
Por quê?
Porque a vida política vive uma crise em toda parte, na nossa cidade, nos Estados, nos países, e me sinto impelido a atuar. Centenas de pessoas me perguntam se abandonei a política; quando não se tem um mandato, parece que não se está fazendo política ou se abandonou a cidadania para viver a vida de aposentado.
Não é o seu caso...
Não me desliguei da minha concepção de vida e de cidadania. Minha geração viveu toda a problemática do mundo e do nosso país. Comecei na política aos 16 anos, no final do secundário, lutando para o Brasil entrar na guerra contra o nazismo e o fascismo. Isso lá em Nazaré das Farinhas.
Mas por que, aos 85 anos, ser candidato a vereador, já tendo sido tudo que foi?
Porque não há como olhar para o espelho e admitir para si mesmo não participar das grandes preocupações. As capitais, a nossa capital, são ou deveriam ser um núcleo de organização da vida, de inclusão social... É uma oportunidade de dizer que tenho uma tarefa, que todos nós cidadãos temos uma tarefa política, por isso eu vou à luta. Salvador foi a cidade onde conheci o mar. Isso já é muito...
A propósito, se aprovada definitivamente a nova legislação da prefeitura e da Câmara, haverá sombra nas praias da cidade.
Se por um lado não podemos permitir que a beira-mar seja de interesse exclusivo de quem tem dinheiro, por outro não podemos de forma alguma ter muralhas que impeçam a passagem da luz, do ar, dos ventos, que encaixotem a cidade. Salvador é o oposto de qualquer disciplina imobiliária que convenha a todos, é pura especulação imobiliária, coisas absurdas.
Bota absurdo nisso...
...Charles de Gaulle, ao chegar ao poder em 1944-45, declarou de utilidade pública todas as áreas em torno de Paris, mas não para permitir a especulação, ao contrário, para impedir que Paris se tornassem uma Chicago, uma dessas grandes cidades, um amontoado imobiliário.
Então sua decisão de ser candidato a vereador é definitiva?
Decisão pessoal e definitiva. Não sou um aposentado na expressão que diminui. Estou bem de saúde, estou bem de alma e a política é a única forma de organizar a sociedade humana e preservar a civilização...
Fora isso...
Fora isso, é a barbárie e o exercício permanente do poder, seja pelo dinheiro ou pela opressão.
Então, o senhor, ao contrário de tantos, defende a política?
A política é uma afirmação da dignidade humana, da democracia. Não essa democracia formal e mentirosa. É a luta de sempre. A cidade, as cidades estão em decomposição, se esgarça a solidariedade social, é hora da política com P maiúsculo. Vamos à luta.
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