Política

Conversas mostram reclamação de servidor da Saúde sobre “pressão louca” em meio à importação da Covaxin

Divulgação
Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 09/08/2021, às 17h44   Redação BNews


FacebookTwitterWhatsApp

Conversas entregues à Polícia Federal (PF) pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) mostram registros da pressão relatada em março por seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, para agilização da importação da vacina indiana Covaxin mesmo com documentação incompleta. As informações são do jornal O Globo.

De acordo com os prints, em 31 de março, Luis Ricardo comentou: "Segurando o máximo aqui. Pressão louca". No dia 20, ele esteve com o irmão deputado no Palácio da Alvorada.

Os dois contam ter relatado ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que o processo de importação estava sendo conduzido de formal irregular no ministério. A denúncia motivou a abertura de um inquérito na Polícia Federal para verificar se o presidente cometeu o crime de prevaricação.

O deputado entregou à PF reproduções de conversas com o seu irmão, com o então ministro Eduardo Pazuello e um ajudante de ordens do presidente da República, Jonathas Diniz Vieira Coelho, todas no fim de março. A Diniz Coelho, o deputado disse que estava "rolando um esquema de corrupção pesado" no ministério.

Contrato rompido

O contrato da Precisa Medicamentos com o governo federal para fornecer 20 milhões de doses de Covaxin foi rompido após ser alvo da CPI da Pandemia. A Controladoria-Geral da União (CGU) disse que havia documentos falsificados entre aqueles entregues pela Precisa. A empresa atribui a produção desses documentos à Envixia, empresa que serviu de intermediária com o laboratório indiano Bharat Biotech.

Após o encontro com Bolsonaro, Luis Miranda discutiu com seu irmão os erros em uma "invoice" (recibo) enviada pela Precisa ao governo. O recibo previa um pedido de pagamento antecipado. O documento foi entregue dessa forma à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e não corrigido, como havia dito o então diretor de logística Roberto Ferreira Dias à CPI.

Após o servidor descrever os erros no recibo, o deputado responde "Cara isso é crime. Bandidos". "Muito rolo", responde Luis Ricardo. O deputado pergunta então se o servidor consegue "segurar alguma coisa", e o irmão responde que sim. Luis Miranda recomenda então que ele fale com o secretário de Saúde do Distrito Federal. Dias antes, Miranda também indicou ao irmão que conversasse com um delegado da Polícia Federal para denunciar o ocorrido, o que ele fez no dia do encontro com Bolsonaro.

Após o encontro no Palácio da Alvorada na tarde do sábado, 20 de março, Miranda envia mensagens para Pazuello à noite. Envia uma foto ao lado do presidente e pede: "Cuida de mim ministro". Naquele final de semana, a saída de Pazuello do cargo, por pressão de parlamentares do Centrão, já havia sido anunciada pelo governo. Miranda também diz ter procurado Pazuello pessoalmente para falar sobre o assunto.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp