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Após ataques à Argentina, Bolsonaro diz a embaixador que só há rivalidade no futebol

Divulgação/Presidência da República
Bolsonaro tem citado a Argentina em discursos sobre suposto perigo da volta da esquerda ao poder.  |   Bnews - Divulgação Divulgação/Presidência da República

Publicado em 11/08/2021, às 07h24   Folhapress


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Dias após fazer ataques ao governo argentino, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se reuniu com o embaixador do país vizinho no Brasil, Daniel Scioli, e disse que a rivalidade só existe no futebol.

"Torcemos muito pela Argentina. Conte com a nossa boa vontade. Rivalidade apenas no futebol", disse Bolsonaro nesta terça-feira (10). Ele participou de celebração do primeiro ano de Scioli como representante do governo de Alberto Fernández no Brasil.

Bolsonaro tem citado a Argentina em discursos sobre suposto perigo da volta da esquerda ao poder. No último dia 2, o mandatário afirmou que a elite argentina está deixando o país. "Daqui a pouco sai a classe média e depois os pobres, como na Venezuela", afirmou.

O encontro com Scioli não estava registrado na agenda de Bolsonaro e foi divulgado pelo embaixador, nas redes sociais. Em vídeo, o diplomata agradeceu pelo apoio do governo brasileiro em negociações como com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Na mesma gravação, o presidente brasileiro fala em "fazer de tudo para que as crises sejam superadas". "O que mais interessa hoje: parabéns, felicidades, e nossos cumprimentos ao governo argentino", disse Bolsonaro a Scioli.

Na semana passada, o presidente citou a Argentina em discursos marcados pela retórica anticomunista. "Escolhas erradas, populista, demagógicas. Vendendo ilusão. Prometendo paraíso. Dividir riqueza e renda. Alguém conhece algum empresário socialista? Algum empreendedor comunista?", disse ele sobre os países governados pela esquerda.

No último dia 2, Bolsonaro também disse que a imprensa está "se acabando" na Argentina. "Em 2019 estive lá. Falei o que ia acontecer se a turma do Foro de São Paulo voltasse a comandar o país. Não deu outra", afirmou.
O presidente ainda criticou, no mesmo dia, políticas econômicas de Fernández. "Querem que se aumente carga tributária, que se tabele preços, como a Argentina fez com a carne. Não só faltou no mercado, como subiu de preço", disse.

Bolsonaro e Fernandéz chegaram a evitar diálogos nas primeiras semanas de gestão do argentino, em 2019. O peronista foi eleito para comandar o maior parceiro comercial do Brasil na América Latina. À época, o líder brasileiro fez campanha para Mauricio Macri, presidente que buscava a reeleição. Após o pleito, Bolsonaro afirmou que não cumprimentaria Fernández e criticou o "retorno do kirchnerismo" ao país vizinho, o que identificou como uma guinada de rumo da Argentina "em direção à Venezuela".

Além do mais, Bolsonaro não compareceu à posse de Fernández em Buenos Aires e enviou o vice-presidente Hamilton Mourão como representante do Brasil. A nomeação de Scioli --ex-candidato a presidente e ex-governador de Buenos Aires-- foi avaliada à época como um sinal de que o governo argentino considera prioritário manter relações amistosas com o Brasil, mesmo diante das diferenças ideológicas entre os dois presidentes.

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