Política

Divulgação da cédula de R$ 200 custou mais do que campanha de prevenção a Covid-19

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Levantamento realizado pelo jornal O Globo tem como base pagamentos da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 2020 e 2021  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Raphael Ribeiro/BCB

Publicado em 07/11/2021, às 12h19   Redação BNews


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Levantamento realizado pelo jornal O Globo, com base em pagamentos da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 2020 e 2021, revela que a atual gestão do Planalto gastou mais com a divulgação da cédula de R$ 200 do que com propagandas sobre prevenção a Covid-19. 

Reportagem publicada nesta domingo (7) mostra que o governo federal desembolsou R$ 18,8 milhões com a divulgação da cédula de R$ 200, enquanto os anúncios relativos aos cuidados que deveriam ser tomados durante a pandemia — como uso de álcool em gel e máscaras — custaram R$ 14,4 milhões.

No período analisado, a publicidade da cédula - que completou um ano de circulação em setembro - foi o sexto principal investimento, atrás de propagandas de agenda positiva, economia de água, combate ao Aedes aegypti e da campanha de vacinação. 

As propagandas que pregam a prevenção ao novo coronavírus representam o nono maior gasto do período e receberam R$ 4,1 milhões a menos que a publicidade com “cuidado precoce” - outro termo que designa o uso de medicamentos comprovadamente ineficazes contra a doença, como hidroxicloroquina e ivermectina - para onde foram R$ 18,5 milhões. 

Atualmente,  segundo o Sistema de Administração do Meio Circulante, a nota de R$ 200 representa 1,11% de todas as notas em circulação no País. O número é inferior aos referentes às notas de R$ 1 que continuam em circulação. O economista Joelson Sampaio avalia que o uso de outras tecnologias explica a baixa circulação da cédula. 

"Durante esse período da Covid-19, muitas transações passaram a ser feitas de forma digital, como o Pix", salienta o especialista da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV). 

Já Alexandre Naime Barbosa, chefe do departamento de Infectologia da Unesp, avalia que parte das 609 mil mortes causadas pela Covid-19 no País poderiam ter sido evitadas se mais tivesse sido investido para orientar a população.

"O gasto de prevenção à Covid-19 está muito baixo, inferior a estratégias como a falácia do tratamento precoce. Um cálculo feito por pesquisadores da Universidade de Pelotas mostra que seria possível evitar a morte de 400 mil pessoas se tivéssemos um discurso mais assertivo em relação à prevenção e o início da vacinação no período correto", afirmou.

Outros Gastos

Também segundo a publicação, o programa Pátria Voluntária, liderado pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro, é o décimo segundo maior gasto da pasta no período. Foram R$ 8,8 milhões, praticamente o mesmo destinado para a promoção da nova Previdência - R$ 8,8 milhões - e mais que os R$ 3,2 milhões para falar da reforma tributária.

A campanha WI-FI Brasil, que mostra vídeos institucionais do governo em cada acesso dos usuários à internet, custou R$ 7 milhões. Apesar do avanço do desmatamento, campanhas contra as queimadas no país receberam R$ 47,6 mil. 

O Código Florestal brasileiro e a preservação da vegetação nativa são exaltados em vídeos e cartazes da rubrica “Brasil no exterior”, que soma R$ 27,9 milhões, terceiro maior pagamento. Procurada na última quinta-feira (4) para comentar o assunto, a Secom não respondeu à reportagem.

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