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“Eu acho que temos problemas maiores no país do que palpitar sobre relação sexual da família do presidente”, critica sobrinho de Bolsonaro 

Imagem “Eu acho que temos problemas maiores no país do que palpitar sobre relação sexual da família do presidente”, critica sobrinho de Bolsonaro 
Nomeado recentemente assessor parlamentar do senador Chico Rodrigues, o nome de Leonardo Rodrigues ganhou repercussão no cenário nacional por ser sobrinho do presidente Jair Bolsonaro  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 12/05/2019, às 21h27   Victor Pinto


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Nomeado recentemente assessor parlamentar do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), o nome de Leonardo Rodrigues de Jesus, conhecido como Léo Índio, ganhou repercussão no cenário nacional por ser sobrinho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), ser próximo do vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ) e ter atuado com um dos principais articuladores de redes sociais da campanha do chefe do Palácio do Planalto, um dos pontos fortes do processo. 

O primo dos irmãos Bolsonaro esteve Salvador na última semana e conheceu a redação do BNews. Em uma conversa descontraída, não se limitou a falar o que pensa quando indagado sobre o seu ingresso no Senado Federal, sobre não ter composto a equipe oficial no Planalto e comentou até mesmo as insinuações que são feitas de um eventual relacionamento homossexual com seu primo vereador do Rio de Janeiro. 

Em Salvador, conheceu as instalações do Hospital Martagão Gesteira e o projeto Associação de Mães dos Autistas (AMA). Esteve também no interior do Estado, no município de Pindobaçu. 

Confira a entrevista:

BNews - A que você atribui tanta polêmica e repercussão sobre a sua nomeação como assessor parlamentar no Senado Federal?  

Leo Índio - Eu acho que o intuito, sempre, é pelo fato da proximidade com Bolsonaro. É sempre atingi-lo. Então, é o caminho que a mídia acha de tentar bater no presidente. Eles me veem como uma pessoa de confiança, logo que, se bater, tentaria atingir de alguma forma o Planalto.

BNews - Havia muita especulação, principalmente por sua proximidade familiar, de você assumir um cargo no Planalto. Isso chegou a ser cogitado? Chegou a ser oferecido?

Leo Índio - O nosso posicionamento durante a campanha do atual presidente foi de sempre ajudar nas redes sociais, na parte de comunicação. Um auxílio de forma completa. Acompanhar, ajudar em questões de segurança, até dar água para ele beber e cuidar mesmo. Qualquer parente ama uma pessoa da sua família. Então, sempre foi cuidar. Houve um convite para a parte de comunicação, mas depois surgiu um desgaste de um eventual nepotismo e então, a gente preferiu sair do Planalto e esperar uma oportunidade que se encaixasse e fosse útil. E eu, sinceramente, estava no meu último mês me mantendo, minhas rendas, minhas economias estavam acabando e, se não fosse o caso, se chegasse a um consenso de que eu não me encaixaria ou não precisariam de mim, então beleza, eu voltaria para minha cidade e minhas atividades que todo mundo já sabe: já fui vendedor de loja, já vendi café, já trabalhei com tudo. 

BNews - Você está com uma função dentro do Senado Federal e a gente tem acompanhado um ruído entre as casas e o Planalto, tanto que nessa discussão agora da MP de reorganização administrativa percebemos essa questão do diálogo de tentativa de fazer moeda de troca. É perceptível que não está nos conformes ainda essa fala, essa troca de comunicação. Como você vê nos corredores, do Senado principalmente, essa articulação do Planalto com o Congresso?

Léo Índio - Eu estou lá há, basicamente, três semanas no Senado, no gabinete do senador Chico Rodrigues. Então, anteriormente, já tinha recebido convite para visitar algumas cidades de pessoas que nos apoiaram durante a campanha e, como eu estava com a agenda livre, eu tive umas viagens pré-agendadas. Eu não estava presente para acompanhar essa movimentação. Inclusive, em breve, vou ter uma agenda constante no Estado de Roraima. Eu vejo um sinal, vejo movimentações e vejo o trabalho do senador Chico Rodrigues totalmente alinhado com o Bolsonaro. A gente torce por isso. Por exemplo, o projeto da Previdência será um divisor de águas. Eu não tenho acompanhado por parte do meu senador nenhum tipo de negociação. Ele sempre foi Bolsonaro. A nossa ideia é sempre ajudar o país de uma forma concreta. 

BNews - Os militares apontam que a atuação do seu primo, Carlos Bolsonaro, é nociva à condução do Planalto. Recentemente, pelo que saiu na imprensa, chegaram a apontá-lo como bipolar e outras críticas, como a que ele inaugurou a modalidade de "vereador federal". Como você vê a atuação do seu primo junto ao Bolsonaro? Realmente atrapalha as articulações do presidente?

Léo Indio - Eu acho que nós estamos onde estamos pela união da pessoa que o presidente é junto com as articulações que o Carlos fez de uma forma excepcional e com o povo que viu no presidente algo diferente, uma visão nova sobre a política. Então, é complicado opinar o quanto é nociva ou benéfica a atuação do Carlos. Eu acho que ele é fundamental em termos de aconselhamento para o pai dele. Então, eu não concordo com essas declarações por parte da mídia e eu acho que temos que começar a priorizar problemas maiores ao invés de conflitos entre general e Olavo [de Carvalho], Carlos... a gente tem que focar no governo. Eu mesmo, nas minhas redes sociais, me posiciono que meu lado é o Brasil.

BNews - E como você lida com as especulações, as insinuações que são feitas de que você e seu primo Carlos teriam algum tipo de relação homossexual?

Léo Indio - (risos) Nunca teve. Somos primos, somos melhores amigos. Eu acho que essas pessoas maldosas, que fazem esse tipo de comentário, não nos conhecem. Nada contra quem tem essa opção sexual, mas não é o nosso caso. Não tem necessidade de ninguém ficar gritando aos quatro cantos que é heterossexual e nem ficar gritando aos quatro cantos que é homossexual. Eu acho que isso é de cada um. Eu acho que temos problemas maiores no país do que palpitar sobre relação sexual da família do presidente. Não me afeta, não tenho problema nenhum sobre isso aí. As pessoas que me conhecem sabem que eu não sou. Eu acho que a mídia pode nos ajudar muito mais do que atacar.

BNews - Voltando para a política. E a reforma da Previdência, que você mesmo já disse que será um divisor de águas? Você acredita que ela consegue ser aprovada, dada essa situação de diálogo com o Congresso, ainda nesse semestre? Ou vai se arrastar até o fim do ano?

Léo Indio - Eu torço para que seja o quanto antes. Acho que a reforma não foi aprovada ainda por algum ruído de comunicação. Eu acho que podemos melhorar um pouco o modo de levá-la à população. Se melhorar um pouco isso aí, a própria população vai participar do processo e acelerar essa reforma para ser aprovada. Foi assim na época de campanha. Quanto mais a população soube o quanto o presidente poderia ajudar o país, se definiu rápido. O mesmo direcionamento deve ser feito sobre a reforma da Previdência e informar a população. 

BNews - Pelo que você conversa, observa, acompanha existe algum tipo de complô do vice-presidente Hamilton Mourão para tentar derrubar o presidente?

Léo Indio - Eu prefeito não enxergar dessa forma. Eu acho que tudo na vida, em todos os níveis de relacionamento, a comunicação é algo super importante. Então, se tá tendo algum ruído, algum conflito, eu acho que é só melhorar um pouco mais a comunicação que tudo se resolve. Não acho que tenha e eu prefiro achar que não tenha esse tipo de posicionamento. Eu prefiro pensar assim. Eu torço pelo bem do país. Eu acho que as cobranças estão sendo desproporcionais pelo tempo que a gente tá no governo.  O time tá aquecendo ainda.

BNews - E o que motivou a sua visita à Bahia?

Léo Indio - Eu fui ao Maranhão e fui conhecer o município de Raposa e fui conhecer as rendeiras, que são parte cultural do município e, durante o tempo que fiquei com elas, veio uma senhora conversar comigo e ela tinha um filho com autismo, o nome dele é Davi. Então, ela pediu pra conversar comigo e explicou a situação da estrutura, do grupo de dez mães, que conhece mais uma outra quantidade de mães de crianças com autismo e que acho que temos muito que acolhê-los, eles precisam ganhar a nossa ajuda. Soube que, aqui em Salvador, tinha a AMA e isso me interessou muito, até para buscar experiência e levar para Roraima também. E isso foi um dos principais motivadores para a minha vinda. Vim também conhecer o Hospital Martagão Gesteira, como tenho conhecido outras unidades hospitalares do país.   

Classificação Indicativa: Livre

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