O governador Jaques Wagner e o prefeito de Camaçari, Luiz Caetano, tem muito em comum, mas tem também pelo menos um bom motivo para se estranharem: a mudança da praça do pedágio da BA-099, a conhecida Estrada do Coco. A desapropriação pelo governo do Estado de uma área entre os municípios de Camaçari e Lauro de Freitas para abrigar a praça do pedágio não é vista com bons olhos por Caetano.
A mudança tem como objetivo por fim ao acesso dos usuários da Estrada Coco a vias alternativas para evitar o pagamento do pedágio, o sonho da Concessionária Litoral Norte (CLN), concessionária da exploração do serviço. Desde que instalou o pedágio na região, a empresa vem tentando acabar com as alternativas dos usuários de não pagar o pedágio, o que fere a lei.
O governo não assume que o objetivo da desapropriação seja a instalação da praça do pedágio. Diz que a transferência faz parte da construção de um contorno rodoviário para Lauro de Freitas, uma obra que vai absorver recursos da ordem de R$ 200 milhões.
Cabe à prefeitura de Camaçari a concessão da licença ambiental para a obra. O prefeito Caetano não esconde que, se depender dele, a desapropriação promovida pelo governador Jaques Wagner será inútil. Caetano avisou que só concede a liberação ambiental da área se for obrigado pela Justiça.
Além disso, a prefeitura de Camaçari vem promovendo uma série de melhorias nas vias alternativas, especialmente na Cascalheira, a principal delas, que foi alvo de muitas brigas entre o PT, a CLN e o governo do estado.
Ao lado da também petista Moema Gramacho, prefeita de Lauro de Freitas, Caetano bancou várias manifestações e buscou barrar na Justiça as tentativas do então governo estadual, junto com a empresa, de acabar com o acesso dos usuários a Estrada das Cascalheiras, a principal via alternativa para quem quer ter acesso à Camaçari sem ter que passar pelo pedágio.
Contrário à transferência, o prefeito entende que a mudança da praça do pedágio é uma clara manobra para impedir o acesso dos usuários a estradas que servem de alternativas e que foram recentemente melhoradas pela administração municipal.
Caetano tem dito que vai conversar com o governador a fim de demovê-lo da ideia de permitir relocação da praça. Para o prefeito, a intenção da CNL de bloquear o acesso às vias alternativas não apenas fere a lei como é um desrespeito à comunidade.
A queda de braço parece que vai ser das boas. Isso porque, a Concessionária Litoral Norte (CLN) que explora o pedágio da Estrada do Coco, primeira concessão rodoviária do norte e nordeste, é operada pela Invepar, empresa em que a Construtora OAS possui participação acionária.
Entre os maiores doadores da campanha de reeleição do governador Jaques Wagner figura a OAS empresa que aparece em segundo lugar, tendo doado R$ 1,5 milhão (o que representa pouco mais de 13% do total de doações recebidas pelo petista), perdendo apenas para UTC Engenharia S/A,que doou R$ 2,4 milhões à campanhado petista na Bahia.A UTC é parceira da OAS e da Odebrecht na construção do Estaleiro Enseada do Paraguaçu, na Baía de Aratu, obra da iniciativa privada.
A construtora doou R$ 11,4 milhões para campanhas em nove Estados, segundo dados do TSE, sendo Wagner o maior beneficiário.
Dentre as 15 maiores doadoras da campanha do governador baiano, ela se destaca como a que mais recebeu repasses do governo estadual desde 2007, conforme levantamento feito no portal
Transparência Bahia.
Foram R$ 108,3 milhões, sendo a maior parte deste montante em pagamentos da obra da Via Expressa Baía de Todos os Santos, cuja primeira etapa foi inaugurada no mês passado. A grande maioria destes recursos - R$ 102,3 milhões - foi repassada no ano da eleição. A OAS também participa do consórcio de construção da Arena Fonte Nova.
