Política

Wagner defende Lula de acusações da Veja

Imagem Wagner defende Lula de acusações da Veja
'Valério não esteve com ele', disse o governador  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 16/09/2012, às 18h42   Redação Bocão News



O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), defendeu do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva das supostas acusações publicadas na revista Veja, durante almoço que reuniu dirigentes petistas no Centro de Tradições Nordestinas, em São Paulo, neste domingo. A revista havia publicado, através de fontes não citadas, que Lula só não foi envolvido no mensalão por não ser citado por ele próprio, José Dirceu ou Delúbio Soares. Jaques Wagner disse desconhecer relações próximas entre Valério e o ex-presidente.

"Eu tenho a certeza que Marcos Valério nunca esteve na Granja do Torto e nem no Planalto com o Lula, isso eu posso garantir", afirmou, lembrando que na época ele era ministro das Relações Institucionais.

O governador disse ainda que já houve o julgamento político do mensalão na reeleição do Lula, em 2006, nas eleições municipais de 2008 e na de Dilma Rousseff em 2010, e que o julgamento não deverá trazer grandes prejuízos às campanhas das coligações petistas.

"Foram três julgamentos eleitorais, e neste momento, não há nada de novo além de tudo que já se sabia. É duro, um processo de sofrimento, mas não deve trazer nada de novo para essa eleição. Tudo que é demais é sobra. Se você salga demais, fica intragável para o povo", disse ele, afirmando que a oposição tenta "temperar" demais a história.

Rui Falcão, presidente nacional do PT, também se pronunciou e disse que não vai tomar nenhuma medica contra a publicação. "Não vamos tomar nenhuma atitude quanto a isso", afirmou, em nome do partido.

Alexandre Padilha, ministro da saúde, também minimizou os possíveis problemas do julgamento em época de campanha eleitoral. "As eleições municipais são descoladas do tema. Acreditamos na capacidade do Supremo e da Corte. A população, neste momento, não está olhando para isso. Ela quer que os problemas mais agudos das cidades sejam resolvidos."

O advogado de Valério já havia negado anteriormente que seu cliente tinha dado entrevista à revista e que o teor das acusações fossem verdadeiras.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural, Kátia Rabello, e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e o irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.

Foto: Gilberto Júnior// Bocão News
Fonte: Terra

Classificação Indicativa: Livre

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