Política

O fiel da balança nas gestões de Salvador

Publicado em 16/01/2016, às 13h30   Cláudio Silva*



O ano de 2016 já começou tendo como foco as eleições municipais, onde será agenda inevitável da política local a comparação entre as administrações do prefeito ACM Neto e do ex-prefeito João Henrique no capítulo realizações, já que a comparação com Wagner e Rui em tal quesito não é vantajosa. Pessoas ligadas ao atual gestor sabendo da importância da comparação afirmam que “foi fácil substituir João Henrique” o que foi contraditado pelo seu secretário Bruno Reis, que afirmou não ter sido fácil.
Analisando-se o caso friamente, pode-se descobrir que as gestões são muito semelhantes no tocante à escolha feita por seus titulares para se credenciarem como eficientes, sendo a agenda de obras públicas a grande vedete em ambos os casos, apesar da atual administração povoar a mídia da urbe soteropolitana de forma bem mais intensa que a anterior e propalar aos quatro cantos que a cidade estava abandonada quando da sua chegada.
A gestão de ACM Neto é mais inovadora que a de João Henrique ou estamos assistindo gestões semelhantes, ou seja, mais do mesmo só que com maior intensidade? Estaria a atual administração ainda “surfando” a onda de obras de infraestrutura e modernização do sistema de iluminação pública da cidade, que ocorreram na gestão de João Henrique e apenas ampliando as suas fronteiras?
As questões permanecem em aberto, porque ao analisarmos detidamente a gestão de ACM Neto, veremos que tanto quanto a gestão anterior, a mesma está sendo marcada por obras e projetos de infraestrutura, podendo aqui serem destacadas como grandes exemplos as da  Barra, Rio Vermelho e Orlas Marítimas, não tendo a atual administração consolidado, até o presente momento, nenhuma grande inovação de gestão no que diz respeito a outros setores essenciais do governo municipal, tais como habitação, saúde e educação. Nesses campos, as intervenções têm relevo basicamente em obras de reforma, ampliação ou recuperação de equipamentos públicos, não apresentando mudanças de procedimentos ou inserção de novas tecnologias para melhoria dos serviços prestados nesses campos.
Também se observa concentração na gestão JH na realização de obras, destacando-se as de contenção de encostas; implantação de escadarias drenantes; obras de macrodrenagem como a do Itaigara; e obras de requalificação urbana no Imbui e na Avenida Centenário, que foram realizadas com um grande montante de recursos do Governo Federal trazidos à época pelo PMDB, que, como na atual gestão, emprestou também seus quadros técnicos e gerenciais para liderar tais avanços. 
É bem verdade que introduzir mudanças na burocrática máquina pública não é tarefa fácil. Daí, de forma conservadora, algumas administrações se concentram naquilo que aparentemente gera legados duradores e reconhecimento público mais imediato, as obras. Porém, vale lembrar que em outros tempos a ousadia e visão em profundidade capitanearam grandes avanços do sistema público local, cabendo destaque para as administrações de Mário Kèrtesz, com a Fábrica de Equipamentos Comunitários e o projeto de modernização do sistema de transporte de Massa de Salvador e de João Henrique, com as  inovações trazidas pela matrícula informatizada na rede municipal de ensino e pela automação do processo de abertura de empresas.   
Na comparação, vale também recordar que por ocasião das últimas grandes chuvas a administração local enfrentou uma grande crise, que tangenciou macular o seu gestor em função de catástrofes que chegaram a vitimar cidadãos em áreas pobres da cidade. Salvador também enfrentou uma série de desafios com as chuvas na época em que João Henrique era prefeito da capital baiana, porém sem que a cidade tenha sofrido tanto quanto na atual administração, isto por conta dos investimentos trazidos na ocasião pelo então ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, do PMDB, acusado na época, no sul do país, de superproteger Salvador e a Bahia. 
Conclui-se, portanto, que João Henrique e  ACM Neto (até o presente momento) buscaram a mesma via: as obras de infraestrutura e os quadros técnicos do PMDB dos irmãos Vieira Lima como sustentação para se credenciarem como grandes administradores municipais, não deixando qualquer dúvida de que,  se compararmos Neto e João, enquanto outros partidos sonham pela eventual vaga de vice na chapa do DEM,  encontraremos um multiplicador comum e fiel da balança das duas gestões, o PMDB.  
*Claudio Silva foi titular da Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo em Salvador na gestão do ex-prefeito João Henrique Carneiro.

Classificação Indicativa: Livre

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