Política

Protagonista, ACM Neto lembra o avô no Bonfim

Foto: Valter Pontes/ Coperphoto
Com grande assédio em volta de seu bloco na lavagem, prefeito de Salvador lembra ex-senador Antônio Carlos Magalhães  |   Bnews - Divulgação Foto: Valter Pontes/ Coperphoto

Publicado em 17/01/2013, às 19h20   Lucas Esteves (Twitter: @lucasesteves)


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No dia em que foi divulgado que o governador Jaques Wagner perderia a Lavagem do Bonfim em troca de uma viagem à China para tentar “vender” a Bahia a empresários do país oriental, especulou-se que era a chance de ACM Neto aparecer como grande estrela no primeiro evento político obrigatório do ano na Bahia. Sem decepcionar quem imaginou a situação, o prefeito de Salvador fez jus à expectativa e foi o protagonista político da caminhada até a Colina Sagrada. Como por tantas vezes foi seu falecido avô, Antônio Carlos Magalhães.
A centralização da figura de ACM Neto começou tão logo teve início o tradicional ato ecumênico realizado nas escadarias da Igreja da Conceição da Praia. O gestor novato foi “abanado” por líderes de todas as igrejas representadas na ocasião e, em nome apenas dele, houve o cumprimento às autoridades. Sorrindo, Neto demonstrava satisfação, mas estrategicamente não se projetava diante da evidência em que foi alçado. Em determinado momento, a bênção coletiva convocada pelo líder católico teve o demista como figura central. Ela foi seguida por representantes de diversos partidos, desde o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo (PDT) ao presidente da Câmara de Vereadores, Paulo Câmara (PSDB).
Na saída do culto e no começo do cortejo, uma enorme confusão teve o novo prefeito como figura central e, eufórica, uma multidão no caminho de ACM Neto ignorou o aparato de seguranças e de jornalistas e cinegrafistas afoitos e foi ao encontro do cumprimento ao novo líder. Solícito, Neto apertou mãos, deu abraços e recebeu palavras de incentivo e esperança, as quais respondeu com agradecimentos. O bafafá ficou ativo por pelo menos meia hora, com muita dificuldade para ordenar a frequência de pessoas ao lado do prefeito, que não reclamou por espaço. Ao contrário, fez questão de procurar os eleitores e falou com dezenas de pessoas.
Em determinados momentos, o bloco da Prefeitura de Salvador se assemelhou a um arrastão. Varrendo quem estava na frente, a força dos que tentavam acionar o prefeito e os apoios que disputavam um lugar para aparecer em fotos foi aumentando, confundindo ainda mais o ambiente. Os olhos estavam centrados na figura do neto do falecido senador Antônio Carlos Magalhães. E, repetindo a tradição familiar, o ex-deputado federal teve um perfeito dia de avô junto ao povo de Salvador.
Os aliados preferiram não discutir a posição semi-popstar do prefeito e ressaltaram o apoio popular e a preocupação com a gestão técnica, de desempenho em realizações públicas e melhoria dos serviços ao povo. Foi o caso do secretário de Urbanismo e Transportes, José Carlos Aleluia. Ele garantiu que, apesar do que possa ser classificado como sucesso da figura do prefeito, política não é a preocupação da gestão neste momento.
“Temos uma expectativa grande pelo sucesso desta gestão. Temos construído uma relação boa com o Governo do Estado e o centro desta relação é o cidadão. Aqui, nossa preocupação não é política. Não vamos dividir nada neste sentido. Não viemos aqui hoje para fazer política”, afastou o secretário. Também dentro da base do governo, a boa relação com a Prefeitura de Salvador é estimada e desejada que dure longamente. 
É o caso do deputado federal Antônio Brito (PTB), que está atualmente envolvido na luta pelas creches da capital em aliança com o pai, o ex-vice prefeito Edvaldo Brito. Segundo ele, a paz entre governo e prefeitura é providencial e deve ser mantida. “Por mim, esta paz dura quatro anos. Vai ser bom para todo mundo. Salvador precisa de união”, analisou o federal. O pai concorda e dá sua bênção. “Que [a boa relação] se conserve assim. Pelo bem da cidade”.
Mas há no governo quem ouse criticar o sucesso de Neto e causar rusgas. Coincidentemente, trata-se do deputado federal Emiliano José (PT), que ao encarar o “arrastão” de Neto, só não foi pisoteado porque foi puxado pela camisa no último instante e salvo por José Carlos Aleluia e Geddel Vieira Lima. Em sua análise, o petista afirma que o entusiasmo do povo se deve ao ineditismo do mandato junto ao prefeito, mas que é necessário analisar as alianças que fez para chegar ao poder e que ACM Neto não é o protagonista da Lavagem do Bonfim.
“É preciso observar que ele herda uma prefeitura depois de 8 anos de um prefeito desastroso que ele apoiou. E que foi apoiado por ele para conseguir sua eleição. Ele recebeu de João Henrique uma cidade em petição de miséria, mas também é responsável por isto. Entendo a expectativa do povo, mas é preciso  ter isto em mente ao festejar sua passagem”, disparou o deputado.

Matéria originalmente publicada às 13h58 do dia 17/01.

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