Política

Manifestantes pedem a saída de Feliciano da pasta de Direitos Humanos

Imagem Manifestantes pedem a saída de Feliciano da pasta de Direitos Humanos
O pastor eleito deu declarações homofóbicas e racistas em rede social  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 11/03/2013, às 13h00   Redação Bocão News (@bocaonews)


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Neste domingo (10), mais de 300 pessoas estiveram no farol da Barra, em Salvador, e se reuniram para um ato público que seguiu até o Cristo. A manifestação é em repúdio a eleição do deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) como presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara federal.



Fomentada através de redes sociais em todo o país, a caminhada contou com a participação de políticos, entidades não governamentais e religiosas.   Na pagina do Facebook havia um convite para o ato público, mais de cinco mil pessoas confirmaram participação.  Para Janete Catarino, uma das idealizadoras, diante dela havia uma concretização. “Decidimos ir às ruas durante um bate papo entre amigos que externavam indignação por conta da posse de Feliciano. Em seguida convidamos outras pessoas a participar da discussão e decidimos marcar o ato público. Uma iniciativa que demarca outras ações contra este cenário político”, explicou.


Antes de iniciar a caminhada, a vice-prefeita, Célia Sacramento, se pronunciou. Entre vaias e aplausos ela declarou apoio ao movimento e anunciou a criação de um conselho de políticas sociais para Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (LGBT). “Salvador é uma cidade livre e os cidadãos merecem respeito”, disse.



Também presente, a vereadora Fabíola Mansur (PSB) se mostrou indignada com a política no país. “Não estamos aqui contra uma pessoa ou uma religião. Somos contra os acordos partidários, os acertos em detrimento de uma minoria no poder. Não podem simplesmente aceitar que políticos como Feliciano e Renã Calheiros permaneçam onde estão como se o povo estivesse alheio ao que vem acontecendo com este país. Não protestar seria omissão”, disparou a vereadora.





O fundado do Grupo Gay da Bahia (GGB), Luiz Motte, abraçou a causa e levantou a bandeira contra a homofobia e a favor dos direitos humanos. “Nunca na história do estado houve tantas manifestações a favor dos direitos humanos. Continuaremos a lutar por esta causa”, declarou Motte.




Pra o antropólogo e professor da Ufba, Edwardo Macrae, o problema perpassa o eleição de Feliciano. “A política em nosso país está desrespeitosa. As pessoas já estão desacreditadas e outras, sequer sabem o que acontecem no entorno do que chamamos de governo. Não há investimento em educação e muitos estão alheios ao que vem acontecendo. Onde está a oposição neste país? Quem é oposição? Onde está a vereadora Olivia Santana que não está aqui para fazer valer seu discurso na política local? Ela é uma das poucas vereadoras que acredito, mas hoje não esteve presente em um ato marcante para esta juventude que mesmo em minoria busca mudanças”, pontuou o professor.



Fotos: Gilberto Jr. // Bocão News


No final da caminhada, todos se reuniram ao pé do Cristo e cantaram o hino nacional marcando o encerramento do ato público. “Dos filhos deste solo. És mãe gentil, Pátria amada, Brasil!”, gantaram juntos. 

Críticas e controvérsias


A eleição de Feliciano para o cargo de presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias tem sido alvo de protestos e polêmica, pelas acusações existentes contra o parlamentar por homofobia e racismo, além de defender a castração química de estupradores. Em março de 2011, Feliciano postou em sua cota no Twitter frases de cunho racista e homofóbico, dizendo: "Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato. O motivo da maldição é a polemica (sic). Não sejam irresponsáveis twitters" e que "A maldição que Noé lança sobre seu neto, canaã, respinga sobre continente africano, daí a fome, pestes, doenças, guerras étnicas!". Em um post sobre os homossexuais, Feliciano disse: "A podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam (sic) ao ódio, ao crime, à rejeição. Amamos os homossexuais, mas abominamos suas práticas promíscuas."

Na época, em entrevista ao site Uol, Feliciano disse que as mensagens foram publicadas por assessores, sem a sua aprovação. O parlamentar afirmou também que não considera as mensagens racistas. "Não foi racista. É uma questão teológica", disse. "O caso do continente africano é sui generis: quase todas as seitas satânicas, de vodu, são oriundas de lá. Essas doenças, como a Aids, são todas provenientes da África", acrescentou.

Nota originalmente postada às 20h do dia 10




Mais fotos do protesto na galeria do site

Classificação Indicativa: Livre

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