Política

Mistério: na Alba ninguém sabe quem deu a ordem para “barrar” jornalista

Imagem Mistério: na Alba ninguém sabe quem deu a ordem para “barrar” jornalista
A medida foi revogada um dia depois. Na verdade, não chegou a ser dada, revela Paulo Azi  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 14/03/2013, às 07h57   Luiz Fernando Lima (twitter: @limaluizf)



Uma televisão, quatro ou cinco sofás, dois banheiros e um pequeno espaço, com alguns tira-gostos e uma máquina de café. A descrição é da antessala do plenário da Assembleia Legislativa, conhecida como “sala do cafezinho”. Por ela, circulam diariamente, há muito tempo, diversos assessores parlamentares, os próprios deputados estaduais e jornalistas que cobrem os trabalhos na Casa.

Na tarde da última terça-feira (12) um jornalista local foi barrado. Um segurança explicou que havia uma determinação para barrar a entrada “não autorizada” de qualquer pessoa. A reação imediata foi procurar o primeiro secretário da Casa, deputado Paulo Azi (DEM), que não foi encontrado ontem. Na manhã desta quarta-feira (13), a medida foi suspensa e imprensa e assessores voltaram a circular pelo espaço.

O problema é que não houve uma explicação plausível para o ocorrido. Azi, em conversa com a imprensa, negou que tenha baixado a determinação. De acordo com ele, um grupo de assessores está trabalhando na elaboração de um projeto para melhorar o trânsito de pessoas no primeiro andar do Palácio Luís Eduardo Magalhães, onde fica o plenário, o salão nobre, a apertada tribuna de imprensa, entre outros espaços.

O grupo de trabalho não baixou decreto e nem poderia, conforme ressaltou o democrata. “Toda decisão teria que passar pela aprovação da Mesa Diretora”. O parlamentar, contudo, não soube dizer de onde partiu a deliberação. Nos corredores correu a informação modulada de que o impedimento teria sido provocado por um equívoco na interpretação por parte dos seguranças. Não há tradição disso.

Para quem cobre o dia a dia da Assembleia o tratamento dado aos profissionais de imprensa é harmonioso. Nenhum dos seguranças procurados pela reportagem do Bocão News, entretanto, soube ou quis revelar de onde partiu a determinação. O que se sabe é que alguma coisa mudou e que houve solicitação de restringir o acesso durante a sessão.

Coincidentemente, no mesmo dia em que o bloqueio aconteceu, outra mudança foi colocada em prática. Esta sim, admitida pelo primeiro secretário. Explica Azi que com o objetivo de “desafogar” a bancada onde eram dispostos os quitutes e tira-gostos uma mesa foi colocada, subtraindo um dos sofás, com o Buffet.

O parlamentar nega que outra empresa tenha sido contratada para o serviço. De acordo com ele, a medida foi adotada para economizar ainda mais, segundo Azi. A ideia é que o restaurante deixe de funcionar no terceiro turno. Atualmente, fica aberto para servir o jantar que acontece entre 18h e 19 h. Para o deputado, como as sessões não têm se estendido até mais tarde que isso, não é necessário mantê-lo aberto.

Os parlamentares deverão se servir de uns “beliscos” e procurar outro lugar para jantar. Não se falou do que será servido aos servidores e assessores que acompanham os deputados. Para além, em dias de obstrução ou de prolongamento da sessão, o jantar está garantido.

Voltando à restrição, foi também levantado que alguns assessores estariam excedendo alguns limites de convivência e permanecendo durante muito tempo na antessala. A presença e barulho, além dos olhares estariam constrangendo alguns parlamentares que esperam ter ali um espaço para descansar durante a sessão ou para receber alguma informação útil e ainda para conceder entrevista.

A pressão que imprensa exerceu na aprovação do projeto de emenda à constituição que extinguiu os 14º e 15º salários também foi levantada como hipótese para a decisão, mas descartada por diversos parlamentares.

Outro deputado, não contente com as perguntas sobre o assunto, declarou: já resolveu. Então, podemos seguir em frente. Contudo, ao menos, duas perguntas ficaram sem resposta: quem determinou e por que determinou?

Nota originalmente publicada às 18h36 do dia 13/03


Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp