Política

Em 2018 teremos um plebiscito travestido de eleição

Publicado em 06/05/2017, às 09h17   Victor Pinto


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Em conversa com um político, me chamou atenção a tese dele a respeito da eleição que está por vir. Ele me disse: vai ser um plebiscito, você vai ver. Fiquei a pensar: não é que está correto?   

Tradicionalmente, nos últimos pleitos presidenciais, tínhamos a dicotomia entre os tucanos e os petistas. Volta e meia tentava surgir uma terceira via: foi assim com Marina Silva em 2010 e Eduardo Campos/Marina em 2014. Mas o discurso sempre se arrumava na divisão das classes, na economia brasileira e nas conquistas do pobre. Agora o cenário é outro.

E olhe que do cenário atual, baseado no desenrolar dos dias, tudo pode mudar e tudo pode acontecer.

Acontece que o mundo, além de voltar a se envergar pelas políticas mais neoliberais e de direita - fato que começa a se alastrar na América Latina, pois a esquerda luta para se manter no poder com velhos ideais regados de socialistas, mas são mais centro direita do que nunca - começa agora a criar uma aversão ao político tradicional.

O Brasil tem sofrido esse efeito. A intenção do público é buscar o administrador, mais do que o político. Contudo, baseado na cultura política que temos, principalmente com o legislativo formado, a barganha política fala mais alto do que a própria forma de administrar.

Os escândalos que envolvem a Lava Jato e demais falcatruas pesam no discurso do antipolítico. “Não, eu não sou político, eu sou administrador”. Foi assim o “efeito pororoca” – batizado por Fernando Guerreiro no programa Roda Baiana da Metrópole FM – que levou Trump ao poder nos EUA e João Dória (PSDB) em São Paulo.

A tendência, baseado no atual cenário, é a de que tenhamos o ex-presidente Lula (PT) - com todo seu populismo, histórico e simpatia e um jeito mais informal, além das investigações judiciais – representando a velha política e João Dória – com uma simpatia um tanto forçada, mais formal, mas com foco no resultado – com discurso de nova política e do apolítico, mas assim mesmo o sendo.

O plebiscito será a velha política contra a nova.

Lula tem a preferência disparada atualmente, mas Dória começa se articular, pode dar o pulo do gato e encostar. Com o discurso, tende a bater de frente.

Resumindo: 2018, eleição após as grandes eclosões da Lava Jato e das listas de pedidos de abertura de inquérito, que podem resultar em arquivamentos de investigações, mas o estrago a imagem pública já fora feito, deve ser o divisor de água. O plebiscito vem aí...

* Victor Pinto é jornalista formado pela Ufba, sub editor de política do Bocão News, membro da coordenação da Rádio Excelsior da Bahia e diretor do jornal Correio do Mês de C. do Coité.

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